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sexta-feira, 21 de julho de 2023

O que aprendi com o livro “A mente moralista: Por que as pessoas boas se separam por causa da política e da religião?”, de Jonathan Haidt…

 A divisão política estadunidense levou o psicólogo Jonathan Haidt a escrever esse livro, no qual ele traz uma série de razões que explicam a divisão entre liberais (esquerda) e conservadores (direita) naquele país. As ideias apresentadas no livro também valem para o Brasil, visto que nos últimos anos temos passado por uma divisão como a que lá ocorre.

O autor explica já no início do livro que nossa mente, e consequentemente nossa ações, funcionam de duas formas: uma racional e outra intuitiva (pode ser feito um paralelo ao que Daniel Kahneman explica muito bem no livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar).

Haidt usa a seguinte analogia para que possamos compreender a influência de ambas formas de pensar/agir em nosso comportamento: o lado intuitivo seria um grande elefante, enquanto o lado racional seria um condutor em cima desse elefante. Quando o elefante age impulsivamente ou sai do controle, não há muito o que o condutor possa fazer. Também não há como o condutor (razão) sair vencedor quando entra em conflito com o elefante (intuição). A partir daí ele apresenta uma série de estudos e argumentos sobre nossa moralidade (nosso juízo moral, nossos julgamentos), que é realizada quase sempre pelo elefante (intuição), e não pelo condutor (razão).

A evolução humana fez com que o condutor evoluísse apenas para servir ao seu elefante, e não o contrário. Essa frase do livro ilustra bem o pensamento do autor: “intuições vêm antes, raciocínio estratégico depois”. Esse comportamento acaba por reduzir nosso campo de visão em relação ao nosso entorno, dificultando o entendimento do todo.

Outra analogia utilizada pelo autor é: somos 90% primatas e 10% abelhas. Nos comportamos como 90% das vezes como primatas pois nos preocupamos mais em parecer que somos algo do que realmente nos preocupamos em ser aquilo. Ele cita como exemplo, a maioria de nós se preocupa mais em parecer ser bom do que realmente é bom, tal qual ocorre com a maioria dos primatas. Nos comportamos 10% das vezes como abelhas pois construímos sociedades morais fundamentadas em “normas, instituições e divindades” pelas quais somos capazes de lutar, matar e morrer para defendê-las, tal qual o comportamento das abelhas em relação à suas colmeias.

Ele usa a evolução biológica, social e filosófica da humanidade para embasar seu argumentos, elaborando teorias de como funcionava nossa mente quando ainda éramos caçadores-coletores; as mudanças que ocorreram com o advento da agricultura (mudança essa que acarretou numa concentração cada vez maior de pessoas em um espaço delimitado); a importância que a religião teve no desenvolvimento da moralidade e controle das ações humanas nas sociedades; o quanto o pensamento filosófico e sociológico influenciou essas sociedades.

Os mais diversos deuses foram “criados” pelos humanos para delimitar e controlar o comportamento em sociedade. Os deuses em sociedades maiores geralmente se preocupavam em controlar ações como “assassinatos, adultérios, falsos testemunhos e quebra de juramentos”, e como os deuses criados eram capazes de ver e saber de tudo, punindo trapaceiros e mentirosos, as religiões acabaram se tornando uma ferramenta eficaz para reduzir as desavenças dentro das sociedades humanas, permitindo assim a evolução tecnológica.

Durante nossa evolução, a reputação era mais importante do que a verdade, e isso nos influencia até hoje, principalmente na política e na religião. Prova disso são os diversos charlatões que ainda existem nestes dois campos. Indivíduos que eram bem quistos pelos demais membros do grupo tiveram uma chance maior de sobrevivência e deixaram para nós os genes desse comportamento. O autor usa o termo grupoísta para definir esse comportamento humano. Durante milhões de anos nossos antepassados buscaram juntar-se aos que eram mais parecidos com eles, formando grupos coesos e entrando em confronto com grupos diferentes.

É inevitável que cada sociedade seja diferente de outras, e que cada indivíduo dentro de uma mesma sociedade tenha sua particularidade, mas mesmo assim encontramos muitos pontos em comum nas ações desses indivíduos, principalmente no que tange a questão da moralidade. A ordenação desses indivíduos em uma sociedade deve obedecer a um conjunto básico de fatores para que ela funcione.

Os conflitos entre grupos que pensam diferente sempre existiu. O livro traz estudos que comprovam o seguinte: primeiro fazemos nossos julgamentos intuitivamente, baseado em toda nossa vivência, ainda que não de forma racional, e só posteriormente buscamos evidências para confirmar esses julgamentos. Isso acaba levando aos extremismos, atos que muitos não conseguem entender, pois são analisados sob um viés puramente racional, esquecendo-se do viés intuitivo, o predominante.

Haidt pensa que a empatia é o primeiro passo para lutar-se contra o moralismo fundamentalista, mesmo que a tarefa de simpatizar-se com indivíduos que tenham uma moralidade diferente da nossa seja uma tarefa muito difícil. O confronto, ainda que você utilize argumentos racionais, não levará a nenhuma mudança de pensamento/ação. Isso se estende aos mais diversos campos: da política à religião.

Sobre a política, o livro mostra que eleitores fanáticos são tão viciados nos argumentos aos quais estão constantemente expostos, e tem de fazer tantas contorções mentais para justificá-los, que acabam ficando livre das crenças contrárias e as consideram um absurdo. Por isso é tão difícil haver debate com fanáticos. Isso pode ser explicado também pelo viés da confirmação, quando o indivíduo já tem uma ideia pré-concebida sobre algo e não faz nada além de buscar quaisquer justificativas possíveis para confirmar o que pensa. Haidt sugere que há duas formas de mudar o pensamento extremista: lidando diretamente com o elefante (intuição) ou mudar o caminho percorrido pelo elefante com seu condutor (razão), mudando seu entorno.

Os políticos usam nossos valores morais para ganharem nosso voto e nosso dinheiro, eles são especialistas nisso. Enquanto para os políticos/eleitores de esquerda a justiça signifique igualdade, para os políticos/eleitores de direita ela significa proporcionalidade. Ver o mundo todo como uma unidade é mais difícil em sociedades WEIRD (Western, Educated, Industrialized, Rich, and Democratic – Ocidentais, Educadas, Industrializadas, Ricas e Democráticas). Pesquisas realizadas com pessoas WEIRD’s em diversos países mostraram que para essas pessoas a visão de mundo é mais focada no indivíduo do que no todo, ao contrário do que acontece em sociedades orientais, em grupos tribais e países em desenvolvimento. Isso ajuda a explicar porque políticos extremistas conservadores vem ganhando espaço nos países ocidentais.

Descobriu-se que os conservadores assim o são pois geralmente são criados por pais excessivamente rígidos ou porque temem a mudança, a novidade e a complexidade. Geralmente sofrem de medos existenciais, se apegando a uma visão simplista do mundo e se preocupando mais com seu grupo do que com o todo.

Já os liberais buscam mudar a organização social sem levar em consideração o peso que estas mudanças trariam para o capital moral. Para Haidt, esse é o ponto cego da esquerda. Enquanto liberais tentam mudar coisas demais em um tempo curto demais, reduzindo assim o estoque de capital moral existente, os conservadores não conseguem perceber que alguns interesses podem ser predatórios e não veem a necessidade de mudança que os novos tempos exigem.

O autor propõe que nossas decisões morais são tomadas levando-se em conta seis fundações morais: Cuidado, Justiça, Liberdade, Lealdade, Autoridade e Santidade. Enquanto os liberais (esquerda) tendem a focar mais nos três primeiros, os conservadores (direita) focam de forma quase equânime em todos os seis. Isso não só dificulta o diálogo entre as partes como também favorece o discurso conservador em eleições.

Por fim Haidt afirma que “a moralidade enlaça e cega”, nos juntando em grupos que “lutam uns contra os outros como se o destino do mundo dependesse de nosso lado vencer essa batalha”.

O livro traz muitos argumentos, baseados em estudos, para entender o momento político atual dos EUA (podemos usar para o Brasil) e de outros países do mundo. Não cabe num resumo tudo que o livro tem a oferecer. Por isso vale a pena a leitura se você tem interesse em tentar compreender um pouco do que está acontecendo…

O que aprendi com o livro “Subliminar: como o inconsciente influencia nossas vidas”, de Leonard Mlodinow…

 Compreender todos os meandros da subconsciência humana é, atualmente, uma tarefa impossível. Porém, já temos acesso a algumas informações sobre como nosso pensamento inconsciente influencia em nossas decisões. Este livro, de Leonard Mlodinow, reúne o que se sabia até 2012 sobre o tema, baseado em diversos estudos.

Nossos neurônios se comunicam através das sinapses em uma velocidade, e quantidade de conexões, inimaginável a nós. É incrível que “o sistema sensorial do homem envia ao cérebro cerca de 11 milhões de bits de informação por segundo”, e nós somos capazes de processar conscientemente apenas entre dezesseis e cinquenta bits por segundo. Não viveríamos nossas vidas adequadamente se processássemos grande parcela das informações que recebemos, nosso cérebro certamente travaria.

Por isso muito do que acontece em nossas mentes se dá na parte inconsciente do cérebro, em processos automáticos que fogem ao nosso controle, sem sequer termos a mínima noção disso, por uma questão de sobrevivência. A mente inconsciente trabalha em “muitos processos de percepção, memória, atenção, aprendizado”, para que possamos continuar vivendo sem maiores entraves.

Inconscientemente fazemos a maior parte dos julgamentos em nossas vidas: desde características físicas às sociológicas; julgamos desde livros pela capa até vestimentas de profissionais (afinal de contas, você confiaria sua saúde a um médico que lhe atendesse trajando camiseta e chinelos?). Estudos relatados no livro dizem que aos seis meses de idade o ser humano já faz julgamentos baseados na observação do comportamento social. Ainda bebês, já adquirimos a maior parte dos movimentos para expressar emoções, o que levaremos para toda a vida.

Nossa memória é afetada pelo tempo. Cada vez que recordamos, ou contamos um fato ocorrido, modificamos algumas pequenas partes, lacunas, deste fato. Com o passar do tempo podemos até mesmo criar memórias totalmente falsas. As lacunas da memória são preenchidas baseadas “em nossas expectativas, nos nossos sistemas de valores, de forma geral, e em nossos conhecimentos prévios”. Chegamos ao ponto de acreditar fielmente em nossas lembranças mesmo que sejam “fabricadas” pela nossa mente.

Nosso inconsciente é tão poderoso que dores emocionais se transformam em dor física, e por mais que busquemos explicações sobre isso, ainda não avançamos muito. Nosso cérebro evoluiu não para nos entendermos, mas sim para nos ajudar a sobreviver. Procurar conhecer-se com mais profundidade é ir além de nossa intuição.

O livro traz o conceito de in-group e out-group: os que pertencem aos nosso grupos e os demais, que estão de fora dos nossos grupos. Fazemos de tudo para proteger aqueles que pertencem aos nossos grupos. Para isso, a evolução legou-nos comportamentos sociais inconscientes, vestígio de nosso passado animal.

O gênero Homo evoluiu por cerca de 2 milhões de anos. Atingimos a nossa anatomia atual há cerca de 200 mil anos. Porém, nosso comportamento social, baseado na cultura, é um legado de apenas 50 mil anos. Nossa sociedade evoluiu a partir daí rapidamente, mas nosso cérebro ainda está nas cavernas.

A conexão social entre a espécie humana é tão forte, que testes realizados descobriram que estamos a apenas “seis graus de separação” de qualquer outro ser humano que vive na Terra. Ou seja, você conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece o/a ……… (complete com qualquer pessoa, viva, da qual você já ouvira falar).

Uma lição valiosa que aprendi no livro é que as expectativas, sejam elas positivas ou negativas, são capazes de influenciar no desempenho, desde o esportivo ao acadêmico. Por isso o preconceito é uma maldição tão difícil de se combater pois, “antes de alguém chegar a discutir qualquer assunto, a corrida já pode ter acabado, pois as aparências em si podem dar a um candidato grande vantagem inicial”.

A classificação, inclusive de pessoas, é uma estratégia do cérebro para  agilizar o processamento da grande quantidade de informações que recebemos e, quando nós classificamos algo, já estamos polarizando. Isso gera um exagero nas diferenciações: coisas “identificadas como pertencentes à mesma categoria parecem mais semelhantes entre si do que realmente são, enquanto as catalogadas em diferentes categorias parecem mais distintas do que são na verdade”. A mente inconsciente exagera diferenças que muitas vezes podem ser sutis. Por mais que avaliar outras pessoas possa parecer uma atividade racional, ela é influenciada muito mais por processos inconscientes e automáticos.

Como fazer para acabarmos com os preconceitos? Devemos nos esforçar para superar esses vieses inconscientes. Como? A classificação inconsciente é baseada em nossas experiências, então devemos ser expostos constantemente às diferenças, a características particulares com as quais não concordamos. A empatia é uma eficaz ferramenta para isso, sentir como se estivesse no lugar do outro traz uma percepção diferente que pode mudar a forma de pensar/agir.

Toda nossa vida é influenciada pelo inconsciente, a política, a ciência e o esporte também sofrem essa influência. Eis alguns exemplos: na política, pessoas que consideramos racionais buscam razões para continuar apoiando candidatos políticos mesmo quando acusados de comprovados deslizes; quando não querem acreditar em uma evidência científica, 1 milhão de estudos contrários não serão capazes de superar apenas 1 estudo que confirme o que a pessoa crê; no esporte, equipes vitoriosas, e seus torcedores, se entusiasmam após uma vitória, enquanto derrotados costumam sempre ignorar a qualidade do jogo de sua equipe e buscam fatores externos para comprovar sua derrota.

Por fim, por mais que o inconsciente influencia em todos os campos de nossas vidas, ainda somos capazes de escolher no que acreditar e as pessoas com as quais convivemos.

Reflexões sobre o livro “Meditações”, de Marco Aurélio…

 É importante, ao ler este livro, ter em mente que o autor era o homem mais poderoso do mundo quando escreveu estas frases. As escreveu em acampamentos enquanto liderava o exército romano durante batalhas. Em uma época na qual liderar um exército significava marchar junto com ele e ir ao campo de batalha. As palavras eram escritas para autoreflexão, Marco Aurélio não escreveu as notas pensando em publicação.

Escolha lutar somente aquelas que valem a pena. Você não tem energia nem tempo suficiente para lutar todas as batalhas. Simplifique. Saiba que independente de como esteja agora, isso vai passar, você vai mudar, as circustâncias mudarão. Seja virtuoso enquanto vive, afinal, ninguém viverá mais que cento e poucos anos. O fim chegará a todos, sem distinção alguma. Faça poucas coisas, mas as faça bem.

O filósofo busca a sabedoria constantemente, pois tem a noção de não possuí-la, em toda forma de conhecimento e em todos os lugares. Estude Filosofia de forma prática, dinâmica e atrativa, aprendendo com os grandes mestres da sabedoria a encontrar respostas para entender melhor a si mesmo e ao mundo. Pessoas passaram toda sua vida sintetizando seus pensamentos, aproveite. Eis uma mágica dos livros: você pode “entrar” na mente de outra pessoa, tentar ver o mundo com os olhos dela.

Você conviverá com pessoas boas e pessoas ruins, e tudo bem, você não sabe porque elas agem da forma como agem. Não consuma parte da vida que te resta fazendo conjecturas sobre outras pessoas. Não se importe com a opinião alheia, eles geralmente não conhecem teus caminhos e tuas batalhas. É uma grande perda de tempo e de energia estar sempre ocupado com as ações alheias. O elogio é sempre bem vindo e nos faz bem, mas não viva apegado somente a elogios.

“Nunca estimes como útil para ti o que um dia te forçará a transgredir tua fé, a renunciar ao pudor, a odiar alguém, a mostrar-te receoso, a maldizer, a fingir, a desejar algo que precisa de paredes e cortinas. Aja de forma honesta e verdadeira sempre. Você pode evitar suas próprias ações, mas não pode evitar a ação alheia.

Se acordares de má vontade e de forma preguiçosa, lembre-se: “desperto para cumprir uma tarefa própria de homem”, homem aqui no sentido de humano, não do gênero masculino. Nasceste para viver reclinado entre cobertores?

A mudança é temida? E que pode acontecer sem mudança? Existe algo mais querido e familiar à natureza do conjunto universal? Poderias tu mesmo lavar-te com água quente, se a lenha não se transformasse? Poderias alimentar-te se os alimentos não se transformassem? E outra coisa qualquer entre as úteis, poderia cumprir-se sem transformação? Não percebes, pois, que tua própria transformação é algo similar e igualmente necessária à natureza do conjunto universal? Aceite a mudança, ela é a única coisa constante na vida.

“Se te afliges por alguma causa externa, não é ela o que te importuna, mas o juízo que fazes dela. E depende de ti apagar esse juízo. Mas se te aflige algo que se encontra em tua disposição, quem te impede de retificar teu critério? E de igual modo, se te aflige por não executar essa ação que te parece sã, por que não a colocas em prática em vez de afligir-te”?

O livro tem muito a oferecer. Principalmente a quem tem simpatia pela filosofia estóica. Aqui está apenas um brevíssimo resumo das ideias que me são importantes neste livro…

Reflexões sobre o livro “Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais”, de Jaron Lanier

 Você sente que “Sua capacidade de conhecer o mundo, de saber a verdade, tem sido degradada?” Você senta que está mais ansioso, menos paciente, mais deprimido? Você sente que “a capacidade do mundo de conhecê-lo” está diminuindo?. Esse livro pode te ajudar a encontrar algumas respostas e entender um pouco melhor como funcionam as redes sociais.

Elas utilizam de um artifício psicológico para deixar-nos viciados. A cada like, curtida, elogio, nosso cérebro recebe um pouco de dopamina. As redes exploram essa “vulnerabilidade humana” (vulnerabilidade nesse caso) para nos manter mais engajados. Para o autor o termo engajamento deveria ser substituído por vício, ou seja, as redes nos fazem ficar cada vez mais viciados.

Para e pense: você já sentiu alguma mudança em seu comportamento causado pela interação com alguma rede social (Facebook, WhatsApp, Twitter, Instagram, etc.)? Provavelmente sim. As redes tem um potencial tão grande de mudar todo o comportamento da sociedade que nós as carregamos em nossos próprios bolsos e para onde quer que vamos. As redes nos reúnem em um mesmo lugar, é como se estivéssemos engaiolados.

Outro motivo pelo qual as redes sociais podem mudar nosso comportamento é porque elas mexem principalmente com nossas emoções. Emoções negativas como medo e raiva aparecem mais facilmente e duram por mais tempo do que emoções positivas. Para que você fique mais tempo na rede, gerando mais lucro para os criadores, é necessário que sejam despertadas em você emoções negativas. Obviamente isso traz mais danos do que benefícios à sociedade.

Percebe que pessoas com posicionamentos radicais estão ganhando os holofotes e inclusive cargos políticos? As redes sociais geram riqueza prendendo sua atenção. Os holofotes sempre procuram primeiro os mais babacas pois eles despertam mais a atenção. Desde que as redes sociais se popularizaram os babacas estão tendo mais voz no mundo e conquistando cargos importantes. Certamente você conhece pessoas que, se não fosse pelas redes sociais, não chamariam a atenção de tanta gente. Tanto a política quanto a economia estão sofrendo grande mudanças devido a elas. Anúncios veiculados nas redes mexem com nossas emoções e isso acaba nos manipulando. Quem paga mais tem mais chances de se dar bem, mudando o comportamento de uma parte maior dos usuários das redes.

O autor usa o acrônimo Bummer para se referir às redes. Eis o significado: “Behaviors of User Modified, and Made into an Empire for Rent”, que em português significa Comportamentos de Usuários Modificados e Transformados em um Império para Alugar. Essa máquina gera muito dinheiro pois é alugada a quem quer e pode pagar mais.

O autor usa os seguintes 10 argumentos para que você deixe de utilizar, pelo menos por um tempo, as redes sociais:

ARGUMENTO 1 – Você está perdendo seu livre-arbítrio

Você está ficando sem opções de escolha. Desde anúncios personalizados aos feeds selecionados por algoritmos, estamos perdendo a capacidade de escolher aquilo que vamos ver.

ARGUMENTO 2 – Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nosso tempos

Como a Bummer dá uma linha do tempo específica para cada usuário, está mais difícil entender como o outro pensa pois não sabemos ao que ele tem acesso. Da mesma forma está mais difícil para você ser entendido. Isso dificulta o diálogo entre ideias diferentes e acaba por criar polarizações como a que ocorre atualmente no Brasil e em outros países.

ARGUMENTO 3 – As redes sociais estão tornando você um babaca

Se ao participar de alguma plataforma on-line você notar algo desagradável dentro de si mesmo, uma insegurança, uma sensação de baixa autoestima, uma ânsia de partir para o ataque, de bater em alguém, repense a forma como você utiliza suas redes. Tente pelo menos ficar um tempo longe delas.

ARGUMENTO 4 – As redes sociais minam a verdade

As contas falsas das redes sociais movimentam aquele meio, por isso as empresas não se livram delas. Ideias absurdas ganham coro nas redes sociais porque elas são ferramentas eficientes para  prender a atenção. Não há interesse dos criadores das redes em acabar com as notícias falsas ou com os perfis falsos. Grande parte do engajamento nas redes são feitas justamente por contas falsas, por robôs.

ARGUMENTO 5 – As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido

O que você diz não faz sentido sem contexto. A Bummer substitui seu contexto pelo dela. Para os algoritmos das redes você é somente mais um número: só interessa quantos seguidores tem, quantas curtidas recebe ou dá. Quando você se torna apenas um número passa a ser subserviente ao sistema. Se já participou de algum “debate” em qualquer rede social, sabe que dificilmente se chega a uma conclusão satisfatória, independente do seu ponto de vista e dos argumentos que possa utilizar.

É muito perigoso que as redes sociais estejam transformando opinião em informação. Elas permitem que fatos consolidados, tais como as mudanças climáticas, a forma redonda do planeta, dentre tantos outros assuntos, sejam refutados meramente por opiniões. Como se as opiniões tivessem o mesmo peso de estudos realizados ao longo de décadas e até mesmo de séculos.

ARGUMENTO 6 – As redes sociais destroem sua capacidade de empatia

Você perde a capacidade de entender as outras pessoas pois não sabe o que elas veem. Os algoritmos determinam o que cada pessoa vê, gerando um feed diferente para cada usuário. Se antes todos se reuniam para assistir ao mesmo jornal na TV, hoje no celular cada um tem acesso a notícias personalizadas. Quanto da visão de mundo das pessoas que você conhece está sendo moldada pela Bummer? Estamos perdendo a percepção da realidade. As pessoas sentem que já não vivem no mesmo mundo, o mundo real. Sabemos menos do que nunca do que os outros veem, assim não temos a oportunidade de tentar entender como pensam. Por isso teorias tão paranoicas tem ficado mais comum e são mais difundidas.

ARGUMENTO 7 – As redes sociais deixam você infeliz

O próprio Facebook reconheceu que seus produtos podem causar danos reais. Pesquisas realizadas por funcionários da plataforma chegaram a essa conclusão (o livro traz várias referências sobre o assunto).

Você pode ficar mais ansioso, perder autoestima. A obsessão por números nas redes sociais prendem as pessoas a essas redes, gerando um círculo vicioso. A Bummer não se preocupa com você, ela quer sua atenção para transformar seu comportamento em um produto para ser vendido. Tem muita gente disposta a pagar por isso.

ARGUMENTO 8 – As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica

Você percebeu que desde o aparecimento das redes sociais a economia do bico e a informalidade só tem crescido? Trabalhadores que vivem de bico podem passar uma vida inteira sem segurança financeira. Como se planejar de você mal sabe se terá trabalho amanhã?

As redes mais famosas são gratuitas pois o que gera lucro para a Bummer é a mudança de comportamento. A propaganda é a força motriz para essa mudança.

ARGUMENTO 9 – As redes sociais tornam a política impossível

O tribalismo causado pela Bummer ajudou democracias a elegerem líderes autoritários em países como Turquia, Áustria, Estados Unidos, Índia, Hungria e Brasil. Telefones celulares se tornaram uma ferramente de propagação de mensagens falsas e paranoicas. É difícil falar com pessoas que recebem esse tipo de conteúdo porque elas vivem em um “universo alternativo de teorias da conspiração e em emaranhados de argumentos fomentados pelas ilusões mais mesquinhas, explodindo de uma raiva que é puro fruto da insegurança”. Assim os babacas, que acabam recebendo mais atenção, passam à frente de pessoas bem intencionadas.

A Bummer faz com as pessoas o mesmo que a síndrome de Estocolmo. Você vai a plataformas como Facebook ou Twitter porque está sofrendo de ansiedade que, em parte, foi causada pela própria plataforma.

ARGUMENTO 10 – As redes sociais odeiam sua alma

Termino com a citação, utilizada pelo autor do livro, mais conhecida do escritor da extrema direita Mencius Moldbug: “Em muitos aspectos o absurdo é uma ferramenta de organização mais eficiente do que a verdade. Qualquer pessoa pode acreditar na verdade. Acreditar no absurdo é uma lealdade que não pode ser forjada. Serve como um uniforme político. E, se você tem um uniforme, tem um exército.”

Qualquer semelhança com o Brasil atual não deve ser mera coincidência…

O que aprendi com o livro “Nação dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar”, de Anna Lembke

 A dopamina, neurotransmissor que atua na comunicação dos neurônios no cérebro, atua na regulação de nossas emoções, no sistema prazer-sofrimento, além de ter outras funções. Como é responsável por nosso sistema de recompensas, o número de estudos envolvendo sua ação vem aumentando nos últimos anos.

A atuação desse neurotransmissor no sistema prazer-sofrimento, emoções que agem no mesmo local do cérebro, é tema do livro “Nação dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar”, escrito pela psiquiatra Anna Lembke, baseado em estudos científicos sobre o tema e nas consultas da médica com seus pacientes.

No livro, a autora traz à luz como a dopamina leva aos vícios, desde o vício em drogas, pornografia, games, ao vício em smartphones e redes sociais. Quando fazemos alguma atividade que nos gera prazer, a dopamina age no sistema de recompensas nos dando prazer para que possamos repetir esse comportamento em busca de novas sensações de prazer. A busca constante pelo prazer gera os comportamentos adictivos: aqueles que causam vício. O comportamento adictivo libera uma carga de dopamina no cérebro, gerando um prazer passageiro, e em seguida é gerado um déficit do neurotransmissor. A busca por uma nova carga de dopamina leva ao vício. 

Esse sistema funciona como se tivéssemos uma balança no cérebro: de um lado está o prazer e do outro o sofrimento (prazer ———- sofrimento). Devido à homeostase basal (processo pelo qual o corpo busca sempre o equilíbrio entre suas funções) quando sentimos prazer, a balança pende para o lado do prazer mas há um movimento inato de equilíbrio da balança, isso aumenta o peso no lado do sofrimento no cérebro, para equilibrar a balança. Como houve aumento do peso do sofrimento, a balança agora pende para esse lado, a homeostase entra em ação novamente exigindo de nós que façamos algo que gere prazer (aumentando o peso no lado do prazer), para que a balança equilibre novamente, e ficamos nesse ciclo eterno de sofrimento-prazer. Portanto, todo prazer gera algum sofrimento posterior e por vezes o sofrimento resultante é maior que o prazer gerado inicialmente.

Como tendemos a valorizar as recompensas de curto prazo em detrimento às recompensas de longo prazo, mesmo que as de longo prazo tragam maiores benefícios, a busca constante de dopamina leva-nos ao vício. A autora cita estudos afirmando que estar sob o efeito de drogas (do álcool e cigarro a drogas pesadas) diminui o horizonte temporal da pessoa, dificultando o controle emocional nesses casos, deixando-nos viciados nestas substâncias. Me questiono se o aumento de doenças como o câncer também podem ser explicadas pelo abuso de substâncias que são reconhecidamente tóxicas ao corpo humano.

É importante saber que o vício não é governado pela razão e sim pela balança prazer-sofrimento e que cada pessoa tem os seus vícios, muitos deles com a capacidade de gerar danos irreparáveis à vida da pessoa. Atualmente precisamos de mais recompensas para sentir prazer e menos danos para sentir dor, então pode-se afirmar que estamos mais frágeis emocionalmente. Tal fragilidade e a exposição prolongada e repetitiva a estímulos prazerosos diminui nossa tolerância à dor, efeito observado na sociedade atual, onde predominam doenças mentais como ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, etc.

Quando a dosagem de dopamina agindo no cérebro é grande, o neurônio cresce para se adaptar a essa dosagem, esse efeito é denominado plasticidade dependente da experiência. Por esse motivo são necessárias doses de dopamina cada vez maiores para que o cérebro sinta o mesmo efeito. É importante ressaltar o fato de que o vício modifica permanentemente o cérebro, mas ainda assim ele é capaz de descobrir novos caminhos para fugir da dependência.

A sociedade atual, conforme está organizada, com fartura por todos os lados (desde a informação aos alimentos industrializados), gera sofrimento emocional aos indivíduos que a compõem. Não evoluímos para viver em um ambiente de fartura. Nossa evolução biológica, durante milhões de anos, se deu em um ambiente de escassez. Aparelhos eletrônicos, principalmente os smartphones, oferecem dopamina (recompensas para o cérebro) 24 horas por dia, causando desequilíbrio na balança.

Os smartphones foram uma invenção tão poderosa que podemos considerá-los como um órgão exterior ao corpo humano, pois é um dos raros artefatos tecnológicos criados pelo ser humano que é carregado para todos os lados junto ao corpo, onde quer que vamos (até mesmo ao banheiro!). Com um smartphone em mãos temos infinitas opções e somos expostos a comportamentos adictivos o tempo todo.

O consumo (do que quer que seja) tornou-se a razão de ser de grande parte dos indivíduos na sociedade atual. O acesso fácil é um grande causador do do comportamento adictivo. A internet, onde se encontra praticamente tudo que se deseja, estimula o consumo compulsivo desenfreado. A rede oferece acesso ilimitado ao conhecido e faz sugestões do que ainda desconhecemos. Até o altruísmo virou uma espécie de bem de consumo, pois criou-se o hábito de mostrar aos demais que praticamos a boa ação. Como se uma foto ou um texto postado em rede social, fazendo o bem a outrem, fosse apenas mais uma forma de demonstrarmos nossa felicidade.

As redes sociais são tão perversas que foi demonstrado em estudos que a incerteza do like chega a ser tão recompensadora ao cérebro (liberando a dopamina) quanto o próprio like. Outro problema gerado pelas mídias sociais é o fato de que agora não nos comparamos apenas com nossos vizinhos, amigos e parentes, mas com o mundo todo. Este tipo de comparação, muitas vezes ocorrendo de forma inconsciente dentro do cérebro, sempre nos deixa aquém em algum aspecto de nossas vidas, alguém sempre será melhor do que nós em algo.

Assim foi criada a economia da dopamina: grande parte do mercado atualmente é voltado à liberação de dopamina e causar dependência dos produtos. Algumas das maiores empresas do mundo hoje são especialistas justamente nessa função. 

Embora a autora cite vários problemas gerados pelo vício e como a dopamina age no sistema de recompensas do cérebro, ela também sugere alguns passos a serem seguidos para que a homeostase basal do cérebro seja restabelecida, começando pelo jejum do vício. Segundo a autora, em média são necessárias quatro semanas para começar a superação de um vício e não se deve trocar uma dependência por outra, pois isso não resolve o problema.

Ela usa a sigla DOPAMINE  (a palavra dopamina em inglês) com passos a serem seguidos para lidar com o vício:

ata (dados): descobrir como e quando se dá o uso do que leva ao vício;

bjectives (objetivos): descobrir o porquê de usar aquilo que vicia;

roblems (problemas): relatar os problemas gerados pelo comportamento adictivo;

bstinence (abstinência): abstinência do vício para restaurar a homeostase basal do cérebro;

indfulness: observar as reações no cérebro, e no corpo, ao se afastar do vício;

nsight: compreender o comportamento e o que se pode fazer para se afastar do vício;

ew steps (novos passos): determinar novos caminhos para mudança do comportamento

xperience (experiência): ir experimentando o que é melhor para aprimorar os resultados ao afastar-se do vício.

O livro ainda traz a experiência clínica da autora, com comportamentos que ela sugere aos seus pacientes para afastar, ou ao menos minimizar, o vício. Importante ressaltar o alerta por ela feito: “na agonia do desejo, não há escolha”. Por isso é preciso criar barreiras entre nós e o vício. Para isso é preciso comprometer-se da seguinte forma:

  • Autocomprometimento físico: afastar fisicamente o vício, criar barreiras físicas entre a pessoa e o comportamento adictivo;
  • Autocomprometimento cronológico: limitar o tempo e estabelecer metas, restringir o tempo de uso daquilo que vicia;
  • Autocomprometimento categórico: categorizar os consumos da dopamina entre aqueles que podem ser consumidos e aqueles que não podem.

Outra parte importante do livro é aquela que fala sobre como preparar nossos filhos para viver nessa sociedade da economia da dopamina. Demonstrar aos filhos nossa fragilidade, nossos erros e defeitos, permite com que eles se aceitem melhor como são, em vez de buscarem a perfeição, comparando-se aos outros. Devemos sempre buscar a honestidade mútua, pois isso exclui a vergonha e aumenta a intimidade com nossos filhos, e o mais importante, a honestidade libera tanta dopamina quanto os comportamentos adictivos.

Restabelecer a homeostase basal do cérebro é importante pois assim somos capazes de sentirmos prazer ao fazermos coisas simples, tais como sentar para brincar com os filhos ou simplesmente tomar um cafezinho com as pessoas que amamos.

“A nossa vida quotidiana está sempre a ser bombardeada pelos acasos, mais exactamente por encontros fortuitos entre as pessoas e os acontecimentos, ou seja, por aquilo a que costuma chamar-se coincidências”. Do livro “A insustentável leveza do ser”.

 A frase retirada do livro “A Insustentável Leveza do Ser” descreve a ideia de que a vida cotidiana é constantemente influenciada por eventos fortuitos, como encontros casuais entre pessoas e circunstâncias, também conhecidos como coincidências.

A frase expressa uma visão de que o curso da vida é moldado por eventos aleatórios e imprevisíveis. A referência às “coincidências” sugere que esses eventos são o resultado de uma interação complexa entre pessoas e circunstâncias, que podem ter consequências significativas em nossas vidas.

Oferece uma reflexão interessante sobre a natureza da vida e a interação entre os seres humanos e o mundo que os rodeia. Ao destacar a importância das coincidências e dos encontros fortuitos, sugere-se que esses eventos aleatórios têm o potencial de alterar o curso de nossas vidas de maneiras imprevisíveis. Essa noção evoca questões filosóficas sobre o destino, a liberdade individual e a causalidade.

Nossa existência está sujeita a forças além de nosso controle, como as coincidências. Esse pensamento desafia a ideia de que temos controle total sobre nossas vidas, reconhecendo que encontros fortuitos e eventos aleatórios podem desempenhar um papel significativo em nosso caminho. Isso pode levar a uma reflexão sobre como lidamos com as coincidências e como podemos encontrar sentido em eventos aparentemente aleatórios.

No contexto do livro “A Insustentável Leveza do Ser”, escrito pelo autor Milan Kundera, a ideia de que a vida é marcada por encontros fortuitos e coincidências é uma temática central. O livro explora as complexidades e contradições das relações humanas, abordando questões existenciais e filosóficas.

A ideia reflete que nossa vida cotidiana é afetada por acasos e coincidências. O autor utiliza termos como “bombardeada” e “encontros fortuitos” para transmitir a noção de que esses eventos ocorrem de forma inesperada e imprevisível. Nossa vida sofre influência das coincidências do cotidiano.

“Natural que quem quer “elevar-se” sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens”, do livro A insustentável leveza do ser

 Essa frase sugere que é natural para aqueles que desejam alcançar altos níveis de sucesso, poder ou conhecimento eventualmente enfrentarem desafios ou dificuldades. O termo “elevar-se” refere-se a uma busca constante por progresso ou aprimoramento pessoal.

A ideia de que alguém que busca se elevar “sempre mais” pode acabar tendo vertigens pode ser entendida como uma metáfora para os efeitos negativos do excesso de ambição ou do desejo por constantes avanços. A vertigem, nesse contexto, pode ser interpretada como um estado de desequilíbrio ou confusão mental, uma sensação de instabilidade emocional ou mesmo física.

Essa frase pode ser relacionada a conceitos como o paradoxo do progresso ou a noção de que a busca implacável por mais pode ter consequências indesejadas. A busca incessante por crescimento ou transcendência pode levar ao desgaste emocional ou a uma sensação de falta de propósito.

Essa frase também pode ser interpretada à luz da ética, levantando questões sobre os limites da ambição humana e os possíveis efeitos colaterais do desejo por progresso pessoal. Além disso, a vertigem mencionada na frase pode ser entendida como um lembrete de que a busca pelo sucesso ou pela elevação constante deve ser equilibrada com a atenção às necessidades emocionais, sociais e físicas de uma pessoa.

Em suma, a frase pode ser entendida como uma reflexão sobre os desafios e as possíveis consequências de uma busca constante por progresso ou elevação pessoal, sugerindo que é importante equilibrar essa busca com uma consciência das limitações e necessidades humanas.


“A partir do momento em que os nossos atos têm uma testemunha, quer queiramos quer não, adaptamo-nos aos olhos que nos observam”, do livro A insustentável leveza do ser

 A natureza humana é intrinsecamente social, e nossa existência é moldada pela interação com os outros. Somos seres que vivem em sociedade, e essa convivência implica em uma constante troca de olhares, julgamentos e influências. A frase “A partir do momento em que os nossos atos têm uma testemunha, quer queiramos quer não, adaptamo-nos aos olhos que nos observam” revela uma profunda verdade sobre a dinâmica social e a maneira como nos relacionamos com os outros.

Quando nossas ações são observadas, um mecanismo interno é acionado, levando-nos a considerar a percepção que os outros têm de nós. Mesmo que desejemos agir com autenticidade e de acordo com nossos próprios princípios, a presença de uma testemunha nos faz questionar se estamos correspondendo às expectativas externas. Essa consciência social nos impulsiona a adaptar nosso comportamento para nos enquadrarmos nos padrões estabelecidos ou para evitar possíveis julgamentos ou rejeição.

Essa adaptação não deve ser vista como uma mera subserviência ou renúncia à individualidade, mas sim como uma manifestação da nossa necessidade de pertencimento e aceitação. Afinal, somos seres sociais que anseiam por conexão e reconhecimento. Dessa forma, ao nos adaptarmos aos olhos que nos observam, buscamos construir uma identidade socialmente aceitável e congruente com as normas do grupo em que estamos inseridos.

No entanto, essa necessidade de adaptação também pode trazer consigo uma certa ambiguidade. Ao nos moldarmos para corresponder às expectativas externas, corremos o risco de perder nossa essência e autenticidade. Podemos nos distanciar de nossos valores e aspirações pessoais, sacrificando nossa individualidade em prol da conformidade social.

A busca por um equilíbrio saudável nesse processo é um desafio constante. É fundamental desenvolver a consciência de quem somos e o que realmente valorizamos, a fim de encontrar uma harmonia entre a nossa autenticidade e a necessidade de nos adaptarmos aos olhos que nos observam. A autenticidade genuína não implica em negligenciar a influência social, mas em ser fiel a si mesmo enquanto reconhece e considera as perspectivas e expectativas dos outros.

Portanto, ao refletirmos sobre a frase em questão, somos levados a ponderar sobre a complexidade das relações humanas e o impacto que as testemunhas têm em nossos atos. A consciência social nos convida a uma constante reflexão sobre a nossa identidade, nossos valores e a maneira como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Encontrar a nossa voz interior, enquanto nos adaptamos aos olhos que nos observam, é um desafio filosófico que nos leva a uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal.


quinta-feira, 20 de julho de 2023

“Porque as perguntas verdadeiramente importantes são as que uma criança pode formular – e apenas essas. Só as perguntas mais ingénuas são realmente perguntas importantes”. Do livro A insustentável leveza do ser…

 A frase é uma citação do escritor e filósofo tcheco Milan Kundera. Na citação, ele argumenta que as perguntas mais importantes são aquelas que são feitas com uma mente aberta e sem preconceitos. Estas são as perguntas que são feitas por crianças, que estão apenas começando a aprender sobre o mundo e que não estão limitadas pelas ideias e preconceitos dos adultos.

Kundera acredita que as perguntas mais importantes são aquelas que nos fazem pensar sobre o significado da vida, o lugar da humanidade no universo e a natureza da realidade. Estas são as perguntas que não têm respostas fáceis, mas que são essenciais para nos ajudar a entender o mundo ao nosso redor.

A citação é um lembrete para nós de que nunca devemos parar de fazer perguntas. Quanto mais perguntas fazemos, mais aprendemos e mais próximo chegamos de entender a verdade sobre o mundo.

Aqui estão alguns exemplos de perguntas importantes que podem ser feitas por crianças:

  • “De onde vêm os bebês?”
  • “Por que o céu é azul?”
  • “Por que as flores murcham?”
  • “O que acontece quando morremos?”
  • “Qual é o sentido da vida?”

Estas são apenas algumas das muitas perguntas importantes que as crianças podem fazer. Estas são as perguntas que nos ajudam a crescer e a aprender, e que nos levam a compreender o mundo ao nosso redor.

Então, da próxima vez que uma criança fizer uma pergunta, não a ignore. Responda-a com atenção e deixe que ela o ajude a pensar sobre as coisas de uma maneira nova.

“Um belo dia, sem saber muito bem como, toma-se uma decisão, e depois essa decisão ganha a sua inércia própria. Cada ano que passa é um bocadinho mais difícil mudá-la”, do livro “A insustentável leveza do ser”…

 A frase do livro de Milan Kundera fala sobre a dificuldade de mudarmos nossas decisões, mesmo quando percebemos que elas estão erradas.

Quando tomamos uma decisão, geralmente não pensamos nas consequências a longo prazo. Pensamos apenas no que é melhor para nós naquele momento. No entanto, com o passar do tempo, podemos começar a perceber que a decisão que tomamos não foi a melhor. Podemos começar a nos sentir infelizes, frustrados ou arrependidos.

No entanto, pode ser muito difícil mudarmos de ideia. A decisão que tomamos já ganhou uma certa inércia própria. Ela já nos arrastou para um caminho que é difícil de desviar. Além disso, mudar de ideia pode ser uma experiência dolorosa. Podemos ter que admitir que erramos, e isso pode ser difícil para nossa autoestima.

No entanto, é importante lembrar que nunca é tarde demais para mudarmos de ideia. Se estamos infelizes com uma decisão que tomamos, sempre podemos tentar mudar de caminho. Pode ser difícil, mas é possível.

A frase de Kundera é um lembrete de que devemos ser cuidadosos com as decisões que tomamos. Devemos pensar nas consequências a longo prazo, e devemos estar dispostos a mudar de ideia se percebermos que cometemos um erro.

Somos as consequências das decisões que tomamos…

sábado, 29 de dezembro de 2018

Sobre o livro 13 coisas que as pessoas mentalmente fortes não fazem, de Amy Morin

Se você tem dificuldade para lidar com os problemas em sua vida, esse livro traz dicas valiosas sobre como você pode melhorar sua mentalidade sobre esses problemas. Eis algumas obeservações pessoais sobre o livro...
A autora se baseia em 13 princípios para ajudar a manter uma mentalidade forte:
• Não tentam agradar o mundo
• Não abrem mão de seu poder
• Não se incomodam com o sucesso dos outros
• Não perdem tempo sentindo pena de si mesmas
• Não temem as mudanças
• Não sentem que o mundo lhes deve alguma coisa
• Não cometem o mesmo erro várias vezes
• Não ficam presas ao passado
• Não têm medo de correr riscos
• Não desistem depois do primeiro fracasso
• Não se concentram naquilo que não podem controlar
• Não esperam resultados imediatos
• Não evitam ficar sozinhas
O livro traz dicas para pensarmos nas coisas que podem estar sabotando nossos esforços para atingirmos nossos objetivos. Tanto o coração como a mente precisam estar em sintonia, só assim teremos serenidade suficiente para controlar nosso corpo.
Deixar de lado os problemas e os medos, sem encará-los de frente, só os adiará, e podem inclusive voltar mais fortes. Muitas vezes exageramos a situação adversa, porém devemos tomar atitudes para enfrenta-las.
 Não se preocupe com as pessoas que não gostam de ti. Quanto mais tempo passa se preocupando com eles, mais poder você dá a eles. Não se pode ter uma mente saudável se você dá a outras pessoas o poder de controlar como você se sente e se comporta.
 Estabeleça limites. Quando você não estabelece limites, corre o risco de abrir mão do seu próprio poder e entrega-lo aos outros. Por exemplo: “você abre mão de sua força a cada vez que evita dizer não a algo que realmente não quer fazer”. Ao fazer isso, você perde o poder de regular suas próprias emoções, deixando-as dependentes dos outros.
Você deve determinar seus objetivos na vida, não deixar que outros os determinem. Por isso “não dê à opinião de outra pessoa o poder de determinar quem você é. Você pode respeitosamente escolher discordar e seguir em frente, sem dedicar tempo e energia tentando fazer o outro mudar de ideia”. Se você se preocupar com o que os outros pensam, você será eternamente prisioneiro deles.
 Você tem a capacidade de fazer a diferença. Tenha em mente que não temos a capacidade de controlar todas as situações, tentar controlar tudo, e todos, desperta uma imensa ansiedade em nós. O que podemos fazer é mudar as situações que estão sobre o nosso controle. Não tente controlar uma tempestade, você não tem poder para isso. O que você pode, e deve fazer, é se preparar da melhor forma para ela.
Cuidado com aqueles que estão sempre pedindo algo. Se tens dificuldade para dizer não por medo de ferir sentimentos alheios, mesmo de pessoas próximas, não há nenhuma garantia de que elas gostarão de você. Isso pode leva-las a tirar vantagens de você, o que acaba te esgotando mentalmente. Você não tem a mínima capacidade de controlar o modo como os outros se sentem. Lembre-se sempre: “tudo bem se outras pessoas ficarem chateadas ou decepcionadas. Não há razão para que as pessoas precisem estar felizes e satisfeitas o tempo inteiro”. Aceitar que não há como agradar todo mundo, te torna mais forte e te liberta.
A autora fala também da importância de termos objetivos e valores na vida. Ter objetivos palpáveis, possíveis de serem atingidos, depende muito mais de cada um de nós do que dos outros. Ter valores é importante para podermos fazer as escolhas certas, independente da ocasião.
Viva o presente. O que aconteceu não há como ser modificado. Para curarmos feridas do passado temos de viver plenamente o presente. Não há quem não erre. O único erro imperdoável é aquele do qual não aprendemos nenhuma lição. Ter ressentimento é o mesmo que beber veneno com a esperança de que ele irá matar seus inimigos.
Tenha sua própria definição de sucesso. Se deseja algo que outro tem, corra atrás. Tentar diminuir o próximo não vai melhorar em nada o seu sucesso. Se você não tem sua própria definição de sucesso, seja ele material ou não, não saberá o que fazer para atingi-lo, e poderá sentir inveja dos outros. Você tem suas próprias habilidades, talentos e experiência de vida, cada um tem os seus. Comparar-se não vai melhorar suas qualidades.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Sobre o livro 20 regras de ouro para educar filhos e alunos, de Augusto Cury

Nesse livro, Augusto Cury traz uma série de considerações sobre a educação de filhos e alunos, baseados em anos de pesquisa e atendimentos psiquiátricos. Baseado em seus escritos, fiz minhas próprias observações sobre o que chamou mais a minha atenção na leitura do livro. Como a Sofia nascerá em breve, tento através de leituras como essa, buscar conhecimento que me possa ser útil na formação dela e das crianças com as quais convivo:
Precisamos ensinar nossas crianças que não é necessário ser o primeiro, não sempre estaremos no topo, devemos ser bons no que se fazemos, buscando sempre aprimorar nossas habilidades e competências.
O tempo é cruel, ele sempre passa, independente se você faz tratamentos para rejuvenescer, aplicações de Botox, quaisquer procedimentos estéticos para disfarçar o tempo. Você pode tentar fugir dele, lutar contra ele, mas o tempo sempre vencerá. Também não se pude mudar o passado, o máximo que se pode fazer, é “alterar” o futuro, baseado no que se faz no presente.
Por mais racional e lógico que você seja, ao lembrar algo, você está interpretando, da sua forma, algo que aconteceu. Não existem lembranças puras. Exigir que alunos sejam exatos em provas, é tentar robotizar a mente humana, algo impossível. Isso vai acabando com o processo de formação de pensamento crítico.
As crianças deveriam ser capazes de criar seu próprio Eu, de ser afirmarem como pessoas únicas que são. Não deveriam estar o tempo todo buscando a comparação com outras pessoas. “Arthur Schopenhauer afirmou com propriedade que entregar nossa felicidade em função da cabeça do outro é autodestrutivo”. Cada pessoa deve se reconhecer como ser humano, não como branco ou preto, rico ou pobre, homem ou mulher. Quando todos nos reconhecermos como humanos, teremos consciência de que todos fazemos parte de uma mesma família, com diferenças insignificantes.
Todos somos campeões, para nascermos vencemos a concorrência com milhões de espermatozoides, cada um com uma carga genética um pouquinho diferente.
Devemos ter em mente que os filhos não têm os mesmos direitos que os pais, e nem podem ter. Uma criança não deve dormir a hora que quer e, se os pais assim o permitirem, estarão educando seres humanos irresponsáveis com a própria saúde física e mental. A qualidade do sono é um dos fatores fundamentais para a formação do intelecto humano.
Habilidades como a gratidão, resiliência, paciência e gentileza não vêm impressas em nosso DNA, elas são ensinadas, principalmente pelos pais. Não ensinar aos filhos deveres básicos e não dar-lhes responsabilidades gera jovens autoritários, consumistas e ingratos. No entanto, amar os filhos não quer dizer se anular por eles, todos temos projetos pessoais, e um dia os filhos criam asas.
Dependemos de outras pessoas sempre, só após aprendermos isso que nossa espécie prevaleceu em nosso planeta. “Ser concebido dependeu dos pais, nascer dependeu dos médicos, andar dependeu dos adultos, aprender dependeu dos professores, comer dependeu do agricultor que cultivou os alimentos e de quem os preparou, até ao morrer dependerá de alguém para os enterrar. Somos sempre dependentes das pessoas, por isso, a gratidão é vital para a saúde emocional e a cooperação é fundamental para a saúde social”.
As maiores conquistas da vida chegam lentamente, em processos divididos em etapas a serem cumpridas, implicam perdas durante a caminhada. Lidar com isso gera amadurecimento emocional. Cumprir desejos de crianças de forma imediata, como se fossem sempre urgentes, deixa-os despreparados para a vida, carregados de ansiedade. Saber esperar é fundamental.
O autor define “6 estratégias para pacificar a mente das crianças nos focos de tensão:
1) Não tenha medo das birras, a tempestade vai passar;
2) Primeiro pacifique a sua ansiedade, depois, a delas, não se desespere;
3) Não grite e nem queira dominá-las a força;
4) Fale mansamente quando elas estão gritando ou estão tensas, diminua o tom de voz, deixe-as constrangidas com sua inteligência e brandura;
5) Reforce que só irá conversar quando elas se acalmarem;
6) Saiba que seu objetivo não é adestrar a mente dos seus filhos e alunos, mas ensiná-los a pensar, é formar um ser humano inteligente, um ator social produtivo e sábio, e não um servo”.
Os presentes são mais fáceis de dar do que o coração, a história, as lágrimas, o diálogo profundo. No silêncio dos túmulos, estão enterradas as palavras e os sentimentos que os pais, professores, filhos, amantes sempre tiveram vontade de expressar, mas não o fizeram. Os pais deveriam se preocupar mais em transferir o capital das experiências aos seus filhos, dar aquilo que o dinheiro não compra. Deveríamos pensar antes em formar sucessores, e não somente herdeiros.