Você sente que “Sua capacidade de conhecer o mundo, de saber a verdade, tem sido degradada?” Você senta que está mais ansioso, menos paciente, mais deprimido? Você sente que “a capacidade do mundo de conhecê-lo” está diminuindo?. Esse livro pode te ajudar a encontrar algumas respostas e entender um pouco melhor como funcionam as redes sociais.
Elas utilizam de um artifício psicológico para deixar-nos viciados. A cada like, curtida, elogio, nosso cérebro recebe um pouco de dopamina. As redes exploram essa “vulnerabilidade humana” (vulnerabilidade nesse caso) para nos manter mais engajados. Para o autor o termo engajamento deveria ser substituído por vício, ou seja, as redes nos fazem ficar cada vez mais viciados.
Para e pense: você já sentiu alguma mudança em seu comportamento causado pela interação com alguma rede social (Facebook, WhatsApp, Twitter, Instagram, etc.)? Provavelmente sim. As redes tem um potencial tão grande de mudar todo o comportamento da sociedade que nós as carregamos em nossos próprios bolsos e para onde quer que vamos. As redes nos reúnem em um mesmo lugar, é como se estivéssemos engaiolados.
Outro motivo pelo qual as redes sociais podem mudar nosso comportamento é porque elas mexem principalmente com nossas emoções. Emoções negativas como medo e raiva aparecem mais facilmente e duram por mais tempo do que emoções positivas. Para que você fique mais tempo na rede, gerando mais lucro para os criadores, é necessário que sejam despertadas em você emoções negativas. Obviamente isso traz mais danos do que benefícios à sociedade.
Percebe que pessoas com posicionamentos radicais estão ganhando os holofotes e inclusive cargos políticos? As redes sociais geram riqueza prendendo sua atenção. Os holofotes sempre procuram primeiro os mais babacas pois eles despertam mais a atenção. Desde que as redes sociais se popularizaram os babacas estão tendo mais voz no mundo e conquistando cargos importantes. Certamente você conhece pessoas que, se não fosse pelas redes sociais, não chamariam a atenção de tanta gente. Tanto a política quanto a economia estão sofrendo grande mudanças devido a elas. Anúncios veiculados nas redes mexem com nossas emoções e isso acaba nos manipulando. Quem paga mais tem mais chances de se dar bem, mudando o comportamento de uma parte maior dos usuários das redes.
O autor usa o acrônimo Bummer para se referir às redes. Eis o significado: “Behaviors of User Modified, and Made into an Empire for Rent”, que em português significa Comportamentos de Usuários Modificados e Transformados em um Império para Alugar. Essa máquina gera muito dinheiro pois é alugada a quem quer e pode pagar mais.
O autor usa os seguintes 10 argumentos para que você deixe de utilizar, pelo menos por um tempo, as redes sociais:
ARGUMENTO 1 – Você está perdendo seu livre-arbítrio
Você está ficando sem opções de escolha. Desde anúncios personalizados aos feeds selecionados por algoritmos, estamos perdendo a capacidade de escolher aquilo que vamos ver.
ARGUMENTO 2 – Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nosso tempos
Como a Bummer dá uma linha do tempo específica para cada usuário, está mais difícil entender como o outro pensa pois não sabemos ao que ele tem acesso. Da mesma forma está mais difícil para você ser entendido. Isso dificulta o diálogo entre ideias diferentes e acaba por criar polarizações como a que ocorre atualmente no Brasil e em outros países.
ARGUMENTO 3 – As redes sociais estão tornando você um babaca
Se ao participar de alguma plataforma on-line você notar algo desagradável dentro de si mesmo, uma insegurança, uma sensação de baixa autoestima, uma ânsia de partir para o ataque, de bater em alguém, repense a forma como você utiliza suas redes. Tente pelo menos ficar um tempo longe delas.
ARGUMENTO 4 – As redes sociais minam a verdade
As contas falsas das redes sociais movimentam aquele meio, por isso as empresas não se livram delas. Ideias absurdas ganham coro nas redes sociais porque elas são ferramentas eficientes para prender a atenção. Não há interesse dos criadores das redes em acabar com as notícias falsas ou com os perfis falsos. Grande parte do engajamento nas redes são feitas justamente por contas falsas, por robôs.
ARGUMENTO 5 – As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido
O que você diz não faz sentido sem contexto. A Bummer substitui seu contexto pelo dela. Para os algoritmos das redes você é somente mais um número: só interessa quantos seguidores tem, quantas curtidas recebe ou dá. Quando você se torna apenas um número passa a ser subserviente ao sistema. Se já participou de algum “debate” em qualquer rede social, sabe que dificilmente se chega a uma conclusão satisfatória, independente do seu ponto de vista e dos argumentos que possa utilizar.
É muito perigoso que as redes sociais estejam transformando opinião em informação. Elas permitem que fatos consolidados, tais como as mudanças climáticas, a forma redonda do planeta, dentre tantos outros assuntos, sejam refutados meramente por opiniões. Como se as opiniões tivessem o mesmo peso de estudos realizados ao longo de décadas e até mesmo de séculos.
ARGUMENTO 6 – As redes sociais destroem sua capacidade de empatia
Você perde a capacidade de entender as outras pessoas pois não sabe o que elas veem. Os algoritmos determinam o que cada pessoa vê, gerando um feed diferente para cada usuário. Se antes todos se reuniam para assistir ao mesmo jornal na TV, hoje no celular cada um tem acesso a notícias personalizadas. Quanto da visão de mundo das pessoas que você conhece está sendo moldada pela Bummer? Estamos perdendo a percepção da realidade. As pessoas sentem que já não vivem no mesmo mundo, o mundo real. Sabemos menos do que nunca do que os outros veem, assim não temos a oportunidade de tentar entender como pensam. Por isso teorias tão paranoicas tem ficado mais comum e são mais difundidas.
ARGUMENTO 7 – As redes sociais deixam você infeliz
O próprio Facebook reconheceu que seus produtos podem causar danos reais. Pesquisas realizadas por funcionários da plataforma chegaram a essa conclusão (o livro traz várias referências sobre o assunto).
Você pode ficar mais ansioso, perder autoestima. A obsessão por números nas redes sociais prendem as pessoas a essas redes, gerando um círculo vicioso. A Bummer não se preocupa com você, ela quer sua atenção para transformar seu comportamento em um produto para ser vendido. Tem muita gente disposta a pagar por isso.
ARGUMENTO 8 – As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica
Você percebeu que desde o aparecimento das redes sociais a economia do bico e a informalidade só tem crescido? Trabalhadores que vivem de bico podem passar uma vida inteira sem segurança financeira. Como se planejar de você mal sabe se terá trabalho amanhã?
As redes mais famosas são gratuitas pois o que gera lucro para a Bummer é a mudança de comportamento. A propaganda é a força motriz para essa mudança.
ARGUMENTO 9 – As redes sociais tornam a política impossível
O tribalismo causado pela Bummer ajudou democracias a elegerem líderes autoritários em países como Turquia, Áustria, Estados Unidos, Índia, Hungria e Brasil. Telefones celulares se tornaram uma ferramente de propagação de mensagens falsas e paranoicas. É difícil falar com pessoas que recebem esse tipo de conteúdo porque elas vivem em um “universo alternativo de teorias da conspiração e em emaranhados de argumentos fomentados pelas ilusões mais mesquinhas, explodindo de uma raiva que é puro fruto da insegurança”. Assim os babacas, que acabam recebendo mais atenção, passam à frente de pessoas bem intencionadas.
A Bummer faz com as pessoas o mesmo que a síndrome de Estocolmo. Você vai a plataformas como Facebook ou Twitter porque está sofrendo de ansiedade que, em parte, foi causada pela própria plataforma.
ARGUMENTO 10 – As redes sociais odeiam sua alma
Termino com a citação, utilizada pelo autor do livro, mais conhecida do escritor da extrema direita Mencius Moldbug: “Em muitos aspectos o absurdo é uma ferramenta de organização mais eficiente do que a verdade. Qualquer pessoa pode acreditar na verdade. Acreditar no absurdo é uma lealdade que não pode ser forjada. Serve como um uniforme político. E, se você tem um uniforme, tem um exército.”
Qualquer semelhança com o Brasil atual não deve ser mera coincidência…
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