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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

A lembrança que nunca foi entregue

Em nossa trajetória, surgem momentos de rara preciosidade, nos quais a magnitude das palavras transcende a mera expressão. Essas palavras, não proferidas, transformam-se em lembranças não entregues, tornando-se peças perdidas de nosso ser que reservamos para um "amanhã" incerto.

Nossa história se desenrola sob um sol radiante, quando dois corações se unem e decidem compartilhar suas vidas. João e Clara, nomes que ecoam no tempo, eram devotos da vida e um do outro. Acreditavam na eternidade do tempo, na possibilidade de adiar a expressão plena de seu amor e gratidão para algum futuro distante.

Assim, eles avançaram, construindo uma jornada repleta de desafios e conquistas. Entretanto, com o passar dos anos, algo singular ocorreu. A complacência tomou conta de suas expressões de amor e apreço. As palavras "eu te amo" e "obrigado" rarearam, dando lugar a sorrisos e olhares que deveriam transparecer o que guardavam em seus corações.

O tempo, implacável, seguiu seu curso, como é seu costume. Num dia que ninguém esperava, Clara partiu. Uma partida silenciosa, sem aviso prévio. João ficou só, com um coração carregado de palavras não pronunciadas e lembranças que nunca foram entregues.

Revisitaram-lhe a mente todos os momentos nos quais poderia ter confidenciado o tamanho de seu amor, a profundidade de sua gratidão. Todas as vezes que adiou um abraço apertado ou um beijo suave, confiando que o tempo seria generoso.

João reconheceu o peso das palavras não compartilhadas, um arrependimento que se abateu como um aperto no peito, uma saudade avassaladora. Ele compreendeu que havia deixado passar a chance de presentear Clara com algo de inestimável valor: a manifestação constante de seu amor.

Essa história é um convite à reflexão sobre uma realidade inegável: o amor, a gratidão e a expressão de sentimentos não podem ser postergados. O futuro é incerto, e o tempo escapa como areia entre os dedos.

A lembrança que nunca foi entregue ressoa como um chamado inadiável. Devemos agarrar cada momento ao lado das pessoas que amamos, dizer "eu te amo" com frequência, expressar nossa gratidão e carinho sem reservas, abraçar e beijar como se o amanhã fosse um presente incerto. Não deixemos para depois o que pode ser feito agora, pois o "depois" pode não se concretizar.

A lembrança que nunca foi entregue nos lembra que o amor é um tesouro compartilhado, que palavras não pronunciadas são fardos que pesam sobre a alma e que a vida é uma jornada efêmera, merecendo ser vivida plenamente, com amor e gratidão a cada passo da caminhada.

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Elogie mais o esforço do que o resultado, isso é reforço positivo

Em um mundo onde somos constantemente avaliados por nossas conquistas e resultados, muitas vezes negligenciamos a importância do processo que nos leva até lá. Valorizar o esforço e a dedicação é uma abordagem poderosa que pode levar ao crescimento pessoal e ao sucesso em todas as áreas da vida.

O Que é Reforço Positivo?

Reforço positivo é uma estratégia comportamental amplamente utilizada para incentivar e fortalecer determinados comportamentos desejados. Em vez de focar apenas nos resultados finais, o reforço positivo valoriza e elogia os esforços e ações que levaram a esses resultados. Essa abordagem é fundamentada na ideia de que ao reconhecer e recompensar o esforço, as pessoas se sentem mais motivadas a continuar se empenhando, aprendendo e melhorando.

Ao elogiar o esforço, criamos um ambiente que incentiva a aprendizagem contínua e o crescimento pessoal. Quando valorizamos a jornada e os obstáculos superados, os indivíduos se sentem mais confiantes e encorajados a persistir diante das adversidades. Isso cria uma mentalidade de crescimento, em que os erros são vistos como oportunidades de aprendizado, e o desenvolvimento pessoal se torna uma busca constante.

É importante elogiar o esforço, e não o resultado, porque o resultado nem sempre está ao nosso controle. Se focarmos exclusivamente nos resultados, podemos acabar desencorajando as pessoas a se arriscarem e a enfrentarem desafios, com medo de fracassar e não receber reconhecimento. Essa mentalidade fixa pode levar à estagnação, onde as pessoas evitam sair da zona de conforto e não se permitem aprender com suas falhas.

Elogiar o esforço também tem um impacto significativo na autoestima e autoconfiança das pessoas. Quando o mérito está ligado ao empenho e dedicação, em vez de habilidades inatas, as pessoas percebem que têm controle sobre o próprio crescimento e podem melhorar continuamente. Essa crença fortalece a autoestima, tornando as pessoas mais resistentes diante de críticas e rejeições, e mais propensas a perseverar em direção aos seus objetivos.

Na educação, por exemplo, estudos têm mostrado que crianças que recebem elogios pelo esforço investido em seus estudos tendem a desenvolver uma mentalidade mais positiva em relação ao aprendizado e, consequentemente, obtêm melhores resultados acadêmicos.

Elogiar o esforço em detrimento do resultado é uma poderosa forma de reforço positivo que pode impulsionar o crescimento pessoal e profissional. Ao valorizar a jornada, aprender com os erros e persistir diante dos desafios, as pessoas desenvolvem uma mentalidade de crescimento que as coloca no caminho do sucesso.

Seja na educação, no ambiente de trabalho ou em nossas relações pessoais, essa abordagem cria um ambiente mais encorajador, que estimula o desenvolvimento contínuo e a construção de uma autoestima sólida. Lembre-se de elogiar o esforço daqueles ao seu redor e de si mesmo, pois essa prática simples pode fazer toda a diferença em alcançar resultados extraordinários.

Se você quer ajudar alguém a crescer e aprender, lembre-se de elogiar mais o esforço do que o resultado.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

“A posse do domínio das situações significa uma verdadeira liberação, quando é conseguida sob os auspícios insubstituíveis da confiança em si mesmo, ou seja, das próprias defesas mentais”, O Mecanismo da Vida Consciente - Pecotche

Esse pensamento enfatiza a importância do domínio das situações como uma forma de liberação pessoal, desde que esse domínio seja conquistado com base na confiança em si mesmo e no fortalecimento das defesas mentais. Vamos analisar os elementos-chave desse pensamento:

Posse do domínio das situações: Isso sugere que ter controle sobre as circunstâncias, contextos ou desafios da vida é uma qualidade valiosa. Quando se possui o domínio das situações, é possível agir de maneira mais eficaz e tomar decisões melhores.

Liberação pessoal: O termo "liberação" pode ser entendido como uma sensação de liberdade ou emancipação. Nesse contexto, adquirir controle sobre as situações da vida pode levar a uma sensação de realização e bem-estar pessoal.

Confiança em si mesmo: A confiança em si mesmo é uma qualidade psicológica crucial. Ter confiança em suas habilidades e capacidades permite enfrentar desafios de maneira mais assertiva e resiliente.

Próprias defesas mentais: Defesas mentais são mecanismos psicológicos que ajudam a lidar com adversidades, proteger-se de influências negativas e manter a estabilidade emocional.

A posse do domínio das situações pode ser um fator importante para alcançar uma sensação de liberação ou liberdade pessoal. No entanto, esse domínio só é verdadeiramente alcançado quando baseado na confiança em si mesmo e em habilidades mentais para lidar com os desafios que surgem ao longo da vida.

Embora seja uma ideia interessante, é importante notar que a vida é complexa e nem sempre temos controle total sobre todas as situações. Algumas circunstâncias podem estar além do nosso controle e exigir adaptação e resiliência. Além disso, é crucial equilibrar a confiança em si mesmo com a humildade e estar aberto a aprender com os outros e com os desafios que enfrentamos.

terça-feira, 25 de julho de 2023

"Não é preciso muita consideração para concluir que muitas coisas no mundo estão além do controle humano", Uma introdução à filosofia budista - Stephen J. Laumakis

A frase aborda a noção de limitação e impotência do ser humano diante de diversos aspectos da existência.

Inevitabilidade da realidade: Há aspectos da realidade que são inevitáveis e que não podemos controlar, independentemente de nossos desejos ou esforços. Isso pode se referir a fenômenos naturais, acontecimentos imprevisíveis ou mesmo à natureza humana, que muitas vezes apresenta limitações e incertezas.

Humildade perante o desconhecido: A frase ressalta a importância de reconhecer a nossa própria limitação e impotência diante do desconhecido e do incontrolável. Ela nos convida a uma postura de humildade diante das forças que estão além de nosso alcance, evitando a arrogância de acreditar que podemos controlar tudo ao nosso redor.

Reflexão sobre o destino e livre-arbítrio: Levanta questões filosóficas sobre o equilíbrio entre o destino e o livre-arbítrio. Se muitas coisas estão além do controle humano, isso pode levar a questionamentos sobre o quão livre é a nossa vontade diante das circunstâncias que nos cercam.

Aceitação da incerteza: A frase sugere a necessidade de aceitar a existência da incerteza na vida. Nem tudo é previsível ou controlável, e essa realidade pode gerar desconforto e ansiedade. Aceitar a incerteza é uma forma de lidar com a natureza imprevisível do mundo.

Consciência da complexidade do mundo: Reconhecer que muitas coisas estão além do controle humano é também reconhecer a complexidade do mundo em que vivemos. O mundo é repleto de sistemas interconectados e fenômenos que não podem ser completamente compreendidos ou controlados por uma única entidade.

Devemos refletir sobre nossa condição humana e reconhecer nossas limitações diante de um mundo que é vasto, complexo e muitas vezes imprevisível. Isso não significa que não tenhamos influência ou responsabilidade sobre o que acontece, mas sim que precisamos reconhecer a humildade diante das coisas que estão além do nosso controle e desenvolver uma postura de aceitação e respeito pela vastidão e imprevisibilidade da existência. 

sexta-feira, 21 de julho de 2023

O excesso de opções esgota nossa força de vontade

De acordo com algumas teorias psicológicas, a disponibilidade excessiva de opções pode ter um impacto negativo na nossa força de vontade e capacidade de tomar decisões. Esse fenômeno é conhecido como “fadiga de decisão” ou “paradoxo da escolha”.
Quando somos confrontados com um grande número de opções, nosso cérebro precisa gastar mais energia e tempo para avaliar cada uma delas. Isso pode levar a uma sensação de sobrecarga cognitiva, levando à fadiga mental. Consequentemente, nossa força de vontade e capacidade de tomar decisões de qualidade podem diminuir.
Além disso, ter muitas opções também pode levar a um maior arrependimento após a tomada de decisão. Quando percebemos que poderíamos ter escolhido algo melhor entre tantas opções, podemos nos sentir insatisfeitos com a escolha feita, o que afeta nossa motivação e confiança.
Uma possível estratégia para lidar com esse problema é simplificar as opções disponíveis. Ao reduzir a quantidade de escolhas, podemos concentrar nossa energia mental nas opções mais relevantes e importantes, facilitando a tomada de decisões. Além disso, estabelecer prioridades claras e definir critérios específicos de escolha também pode ajudar a reduzir a fadiga de decisão.
É importante ressaltar que a relação entre a quantidade de opções e a força de vontade pode variar de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem se sentir mais confortáveis com uma variedade maior de opções, enquanto outras preferem ter um conjunto mais limitado para facilitar a escolha. Cada indivíduo é único, e entender como você lida melhor com as opções é fundamental para tomar decisões de forma eficaz.

O que aprendi com o livro “A mente moralista: Por que as pessoas boas se separam por causa da política e da religião?”, de Jonathan Haidt…

 A divisão política estadunidense levou o psicólogo Jonathan Haidt a escrever esse livro, no qual ele traz uma série de razões que explicam a divisão entre liberais (esquerda) e conservadores (direita) naquele país. As ideias apresentadas no livro também valem para o Brasil, visto que nos últimos anos temos passado por uma divisão como a que lá ocorre.

O autor explica já no início do livro que nossa mente, e consequentemente nossa ações, funcionam de duas formas: uma racional e outra intuitiva (pode ser feito um paralelo ao que Daniel Kahneman explica muito bem no livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar).

Haidt usa a seguinte analogia para que possamos compreender a influência de ambas formas de pensar/agir em nosso comportamento: o lado intuitivo seria um grande elefante, enquanto o lado racional seria um condutor em cima desse elefante. Quando o elefante age impulsivamente ou sai do controle, não há muito o que o condutor possa fazer. Também não há como o condutor (razão) sair vencedor quando entra em conflito com o elefante (intuição). A partir daí ele apresenta uma série de estudos e argumentos sobre nossa moralidade (nosso juízo moral, nossos julgamentos), que é realizada quase sempre pelo elefante (intuição), e não pelo condutor (razão).

A evolução humana fez com que o condutor evoluísse apenas para servir ao seu elefante, e não o contrário. Essa frase do livro ilustra bem o pensamento do autor: “intuições vêm antes, raciocínio estratégico depois”. Esse comportamento acaba por reduzir nosso campo de visão em relação ao nosso entorno, dificultando o entendimento do todo.

Outra analogia utilizada pelo autor é: somos 90% primatas e 10% abelhas. Nos comportamos como 90% das vezes como primatas pois nos preocupamos mais em parecer que somos algo do que realmente nos preocupamos em ser aquilo. Ele cita como exemplo, a maioria de nós se preocupa mais em parecer ser bom do que realmente é bom, tal qual ocorre com a maioria dos primatas. Nos comportamos 10% das vezes como abelhas pois construímos sociedades morais fundamentadas em “normas, instituições e divindades” pelas quais somos capazes de lutar, matar e morrer para defendê-las, tal qual o comportamento das abelhas em relação à suas colmeias.

Ele usa a evolução biológica, social e filosófica da humanidade para embasar seu argumentos, elaborando teorias de como funcionava nossa mente quando ainda éramos caçadores-coletores; as mudanças que ocorreram com o advento da agricultura (mudança essa que acarretou numa concentração cada vez maior de pessoas em um espaço delimitado); a importância que a religião teve no desenvolvimento da moralidade e controle das ações humanas nas sociedades; o quanto o pensamento filosófico e sociológico influenciou essas sociedades.

Os mais diversos deuses foram “criados” pelos humanos para delimitar e controlar o comportamento em sociedade. Os deuses em sociedades maiores geralmente se preocupavam em controlar ações como “assassinatos, adultérios, falsos testemunhos e quebra de juramentos”, e como os deuses criados eram capazes de ver e saber de tudo, punindo trapaceiros e mentirosos, as religiões acabaram se tornando uma ferramenta eficaz para reduzir as desavenças dentro das sociedades humanas, permitindo assim a evolução tecnológica.

Durante nossa evolução, a reputação era mais importante do que a verdade, e isso nos influencia até hoje, principalmente na política e na religião. Prova disso são os diversos charlatões que ainda existem nestes dois campos. Indivíduos que eram bem quistos pelos demais membros do grupo tiveram uma chance maior de sobrevivência e deixaram para nós os genes desse comportamento. O autor usa o termo grupoísta para definir esse comportamento humano. Durante milhões de anos nossos antepassados buscaram juntar-se aos que eram mais parecidos com eles, formando grupos coesos e entrando em confronto com grupos diferentes.

É inevitável que cada sociedade seja diferente de outras, e que cada indivíduo dentro de uma mesma sociedade tenha sua particularidade, mas mesmo assim encontramos muitos pontos em comum nas ações desses indivíduos, principalmente no que tange a questão da moralidade. A ordenação desses indivíduos em uma sociedade deve obedecer a um conjunto básico de fatores para que ela funcione.

Os conflitos entre grupos que pensam diferente sempre existiu. O livro traz estudos que comprovam o seguinte: primeiro fazemos nossos julgamentos intuitivamente, baseado em toda nossa vivência, ainda que não de forma racional, e só posteriormente buscamos evidências para confirmar esses julgamentos. Isso acaba levando aos extremismos, atos que muitos não conseguem entender, pois são analisados sob um viés puramente racional, esquecendo-se do viés intuitivo, o predominante.

Haidt pensa que a empatia é o primeiro passo para lutar-se contra o moralismo fundamentalista, mesmo que a tarefa de simpatizar-se com indivíduos que tenham uma moralidade diferente da nossa seja uma tarefa muito difícil. O confronto, ainda que você utilize argumentos racionais, não levará a nenhuma mudança de pensamento/ação. Isso se estende aos mais diversos campos: da política à religião.

Sobre a política, o livro mostra que eleitores fanáticos são tão viciados nos argumentos aos quais estão constantemente expostos, e tem de fazer tantas contorções mentais para justificá-los, que acabam ficando livre das crenças contrárias e as consideram um absurdo. Por isso é tão difícil haver debate com fanáticos. Isso pode ser explicado também pelo viés da confirmação, quando o indivíduo já tem uma ideia pré-concebida sobre algo e não faz nada além de buscar quaisquer justificativas possíveis para confirmar o que pensa. Haidt sugere que há duas formas de mudar o pensamento extremista: lidando diretamente com o elefante (intuição) ou mudar o caminho percorrido pelo elefante com seu condutor (razão), mudando seu entorno.

Os políticos usam nossos valores morais para ganharem nosso voto e nosso dinheiro, eles são especialistas nisso. Enquanto para os políticos/eleitores de esquerda a justiça signifique igualdade, para os políticos/eleitores de direita ela significa proporcionalidade. Ver o mundo todo como uma unidade é mais difícil em sociedades WEIRD (Western, Educated, Industrialized, Rich, and Democratic – Ocidentais, Educadas, Industrializadas, Ricas e Democráticas). Pesquisas realizadas com pessoas WEIRD’s em diversos países mostraram que para essas pessoas a visão de mundo é mais focada no indivíduo do que no todo, ao contrário do que acontece em sociedades orientais, em grupos tribais e países em desenvolvimento. Isso ajuda a explicar porque políticos extremistas conservadores vem ganhando espaço nos países ocidentais.

Descobriu-se que os conservadores assim o são pois geralmente são criados por pais excessivamente rígidos ou porque temem a mudança, a novidade e a complexidade. Geralmente sofrem de medos existenciais, se apegando a uma visão simplista do mundo e se preocupando mais com seu grupo do que com o todo.

Já os liberais buscam mudar a organização social sem levar em consideração o peso que estas mudanças trariam para o capital moral. Para Haidt, esse é o ponto cego da esquerda. Enquanto liberais tentam mudar coisas demais em um tempo curto demais, reduzindo assim o estoque de capital moral existente, os conservadores não conseguem perceber que alguns interesses podem ser predatórios e não veem a necessidade de mudança que os novos tempos exigem.

O autor propõe que nossas decisões morais são tomadas levando-se em conta seis fundações morais: Cuidado, Justiça, Liberdade, Lealdade, Autoridade e Santidade. Enquanto os liberais (esquerda) tendem a focar mais nos três primeiros, os conservadores (direita) focam de forma quase equânime em todos os seis. Isso não só dificulta o diálogo entre as partes como também favorece o discurso conservador em eleições.

Por fim Haidt afirma que “a moralidade enlaça e cega”, nos juntando em grupos que “lutam uns contra os outros como se o destino do mundo dependesse de nosso lado vencer essa batalha”.

O livro traz muitos argumentos, baseados em estudos, para entender o momento político atual dos EUA (podemos usar para o Brasil) e de outros países do mundo. Não cabe num resumo tudo que o livro tem a oferecer. Por isso vale a pena a leitura se você tem interesse em tentar compreender um pouco do que está acontecendo…

Reflexões sobre o livro “Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais”, de Jaron Lanier

 Você sente que “Sua capacidade de conhecer o mundo, de saber a verdade, tem sido degradada?” Você senta que está mais ansioso, menos paciente, mais deprimido? Você sente que “a capacidade do mundo de conhecê-lo” está diminuindo?. Esse livro pode te ajudar a encontrar algumas respostas e entender um pouco melhor como funcionam as redes sociais.

Elas utilizam de um artifício psicológico para deixar-nos viciados. A cada like, curtida, elogio, nosso cérebro recebe um pouco de dopamina. As redes exploram essa “vulnerabilidade humana” (vulnerabilidade nesse caso) para nos manter mais engajados. Para o autor o termo engajamento deveria ser substituído por vício, ou seja, as redes nos fazem ficar cada vez mais viciados.

Para e pense: você já sentiu alguma mudança em seu comportamento causado pela interação com alguma rede social (Facebook, WhatsApp, Twitter, Instagram, etc.)? Provavelmente sim. As redes tem um potencial tão grande de mudar todo o comportamento da sociedade que nós as carregamos em nossos próprios bolsos e para onde quer que vamos. As redes nos reúnem em um mesmo lugar, é como se estivéssemos engaiolados.

Outro motivo pelo qual as redes sociais podem mudar nosso comportamento é porque elas mexem principalmente com nossas emoções. Emoções negativas como medo e raiva aparecem mais facilmente e duram por mais tempo do que emoções positivas. Para que você fique mais tempo na rede, gerando mais lucro para os criadores, é necessário que sejam despertadas em você emoções negativas. Obviamente isso traz mais danos do que benefícios à sociedade.

Percebe que pessoas com posicionamentos radicais estão ganhando os holofotes e inclusive cargos políticos? As redes sociais geram riqueza prendendo sua atenção. Os holofotes sempre procuram primeiro os mais babacas pois eles despertam mais a atenção. Desde que as redes sociais se popularizaram os babacas estão tendo mais voz no mundo e conquistando cargos importantes. Certamente você conhece pessoas que, se não fosse pelas redes sociais, não chamariam a atenção de tanta gente. Tanto a política quanto a economia estão sofrendo grande mudanças devido a elas. Anúncios veiculados nas redes mexem com nossas emoções e isso acaba nos manipulando. Quem paga mais tem mais chances de se dar bem, mudando o comportamento de uma parte maior dos usuários das redes.

O autor usa o acrônimo Bummer para se referir às redes. Eis o significado: “Behaviors of User Modified, and Made into an Empire for Rent”, que em português significa Comportamentos de Usuários Modificados e Transformados em um Império para Alugar. Essa máquina gera muito dinheiro pois é alugada a quem quer e pode pagar mais.

O autor usa os seguintes 10 argumentos para que você deixe de utilizar, pelo menos por um tempo, as redes sociais:

ARGUMENTO 1 – Você está perdendo seu livre-arbítrio

Você está ficando sem opções de escolha. Desde anúncios personalizados aos feeds selecionados por algoritmos, estamos perdendo a capacidade de escolher aquilo que vamos ver.

ARGUMENTO 2 – Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nosso tempos

Como a Bummer dá uma linha do tempo específica para cada usuário, está mais difícil entender como o outro pensa pois não sabemos ao que ele tem acesso. Da mesma forma está mais difícil para você ser entendido. Isso dificulta o diálogo entre ideias diferentes e acaba por criar polarizações como a que ocorre atualmente no Brasil e em outros países.

ARGUMENTO 3 – As redes sociais estão tornando você um babaca

Se ao participar de alguma plataforma on-line você notar algo desagradável dentro de si mesmo, uma insegurança, uma sensação de baixa autoestima, uma ânsia de partir para o ataque, de bater em alguém, repense a forma como você utiliza suas redes. Tente pelo menos ficar um tempo longe delas.

ARGUMENTO 4 – As redes sociais minam a verdade

As contas falsas das redes sociais movimentam aquele meio, por isso as empresas não se livram delas. Ideias absurdas ganham coro nas redes sociais porque elas são ferramentas eficientes para  prender a atenção. Não há interesse dos criadores das redes em acabar com as notícias falsas ou com os perfis falsos. Grande parte do engajamento nas redes são feitas justamente por contas falsas, por robôs.

ARGUMENTO 5 – As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido

O que você diz não faz sentido sem contexto. A Bummer substitui seu contexto pelo dela. Para os algoritmos das redes você é somente mais um número: só interessa quantos seguidores tem, quantas curtidas recebe ou dá. Quando você se torna apenas um número passa a ser subserviente ao sistema. Se já participou de algum “debate” em qualquer rede social, sabe que dificilmente se chega a uma conclusão satisfatória, independente do seu ponto de vista e dos argumentos que possa utilizar.

É muito perigoso que as redes sociais estejam transformando opinião em informação. Elas permitem que fatos consolidados, tais como as mudanças climáticas, a forma redonda do planeta, dentre tantos outros assuntos, sejam refutados meramente por opiniões. Como se as opiniões tivessem o mesmo peso de estudos realizados ao longo de décadas e até mesmo de séculos.

ARGUMENTO 6 – As redes sociais destroem sua capacidade de empatia

Você perde a capacidade de entender as outras pessoas pois não sabe o que elas veem. Os algoritmos determinam o que cada pessoa vê, gerando um feed diferente para cada usuário. Se antes todos se reuniam para assistir ao mesmo jornal na TV, hoje no celular cada um tem acesso a notícias personalizadas. Quanto da visão de mundo das pessoas que você conhece está sendo moldada pela Bummer? Estamos perdendo a percepção da realidade. As pessoas sentem que já não vivem no mesmo mundo, o mundo real. Sabemos menos do que nunca do que os outros veem, assim não temos a oportunidade de tentar entender como pensam. Por isso teorias tão paranoicas tem ficado mais comum e são mais difundidas.

ARGUMENTO 7 – As redes sociais deixam você infeliz

O próprio Facebook reconheceu que seus produtos podem causar danos reais. Pesquisas realizadas por funcionários da plataforma chegaram a essa conclusão (o livro traz várias referências sobre o assunto).

Você pode ficar mais ansioso, perder autoestima. A obsessão por números nas redes sociais prendem as pessoas a essas redes, gerando um círculo vicioso. A Bummer não se preocupa com você, ela quer sua atenção para transformar seu comportamento em um produto para ser vendido. Tem muita gente disposta a pagar por isso.

ARGUMENTO 8 – As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica

Você percebeu que desde o aparecimento das redes sociais a economia do bico e a informalidade só tem crescido? Trabalhadores que vivem de bico podem passar uma vida inteira sem segurança financeira. Como se planejar de você mal sabe se terá trabalho amanhã?

As redes mais famosas são gratuitas pois o que gera lucro para a Bummer é a mudança de comportamento. A propaganda é a força motriz para essa mudança.

ARGUMENTO 9 – As redes sociais tornam a política impossível

O tribalismo causado pela Bummer ajudou democracias a elegerem líderes autoritários em países como Turquia, Áustria, Estados Unidos, Índia, Hungria e Brasil. Telefones celulares se tornaram uma ferramente de propagação de mensagens falsas e paranoicas. É difícil falar com pessoas que recebem esse tipo de conteúdo porque elas vivem em um “universo alternativo de teorias da conspiração e em emaranhados de argumentos fomentados pelas ilusões mais mesquinhas, explodindo de uma raiva que é puro fruto da insegurança”. Assim os babacas, que acabam recebendo mais atenção, passam à frente de pessoas bem intencionadas.

A Bummer faz com as pessoas o mesmo que a síndrome de Estocolmo. Você vai a plataformas como Facebook ou Twitter porque está sofrendo de ansiedade que, em parte, foi causada pela própria plataforma.

ARGUMENTO 10 – As redes sociais odeiam sua alma

Termino com a citação, utilizada pelo autor do livro, mais conhecida do escritor da extrema direita Mencius Moldbug: “Em muitos aspectos o absurdo é uma ferramenta de organização mais eficiente do que a verdade. Qualquer pessoa pode acreditar na verdade. Acreditar no absurdo é uma lealdade que não pode ser forjada. Serve como um uniforme político. E, se você tem um uniforme, tem um exército.”

Qualquer semelhança com o Brasil atual não deve ser mera coincidência…

O que aprendi com o livro “Nação dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar”, de Anna Lembke

 A dopamina, neurotransmissor que atua na comunicação dos neurônios no cérebro, atua na regulação de nossas emoções, no sistema prazer-sofrimento, além de ter outras funções. Como é responsável por nosso sistema de recompensas, o número de estudos envolvendo sua ação vem aumentando nos últimos anos.

A atuação desse neurotransmissor no sistema prazer-sofrimento, emoções que agem no mesmo local do cérebro, é tema do livro “Nação dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar”, escrito pela psiquiatra Anna Lembke, baseado em estudos científicos sobre o tema e nas consultas da médica com seus pacientes.

No livro, a autora traz à luz como a dopamina leva aos vícios, desde o vício em drogas, pornografia, games, ao vício em smartphones e redes sociais. Quando fazemos alguma atividade que nos gera prazer, a dopamina age no sistema de recompensas nos dando prazer para que possamos repetir esse comportamento em busca de novas sensações de prazer. A busca constante pelo prazer gera os comportamentos adictivos: aqueles que causam vício. O comportamento adictivo libera uma carga de dopamina no cérebro, gerando um prazer passageiro, e em seguida é gerado um déficit do neurotransmissor. A busca por uma nova carga de dopamina leva ao vício. 

Esse sistema funciona como se tivéssemos uma balança no cérebro: de um lado está o prazer e do outro o sofrimento (prazer ———- sofrimento). Devido à homeostase basal (processo pelo qual o corpo busca sempre o equilíbrio entre suas funções) quando sentimos prazer, a balança pende para o lado do prazer mas há um movimento inato de equilíbrio da balança, isso aumenta o peso no lado do sofrimento no cérebro, para equilibrar a balança. Como houve aumento do peso do sofrimento, a balança agora pende para esse lado, a homeostase entra em ação novamente exigindo de nós que façamos algo que gere prazer (aumentando o peso no lado do prazer), para que a balança equilibre novamente, e ficamos nesse ciclo eterno de sofrimento-prazer. Portanto, todo prazer gera algum sofrimento posterior e por vezes o sofrimento resultante é maior que o prazer gerado inicialmente.

Como tendemos a valorizar as recompensas de curto prazo em detrimento às recompensas de longo prazo, mesmo que as de longo prazo tragam maiores benefícios, a busca constante de dopamina leva-nos ao vício. A autora cita estudos afirmando que estar sob o efeito de drogas (do álcool e cigarro a drogas pesadas) diminui o horizonte temporal da pessoa, dificultando o controle emocional nesses casos, deixando-nos viciados nestas substâncias. Me questiono se o aumento de doenças como o câncer também podem ser explicadas pelo abuso de substâncias que são reconhecidamente tóxicas ao corpo humano.

É importante saber que o vício não é governado pela razão e sim pela balança prazer-sofrimento e que cada pessoa tem os seus vícios, muitos deles com a capacidade de gerar danos irreparáveis à vida da pessoa. Atualmente precisamos de mais recompensas para sentir prazer e menos danos para sentir dor, então pode-se afirmar que estamos mais frágeis emocionalmente. Tal fragilidade e a exposição prolongada e repetitiva a estímulos prazerosos diminui nossa tolerância à dor, efeito observado na sociedade atual, onde predominam doenças mentais como ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, etc.

Quando a dosagem de dopamina agindo no cérebro é grande, o neurônio cresce para se adaptar a essa dosagem, esse efeito é denominado plasticidade dependente da experiência. Por esse motivo são necessárias doses de dopamina cada vez maiores para que o cérebro sinta o mesmo efeito. É importante ressaltar o fato de que o vício modifica permanentemente o cérebro, mas ainda assim ele é capaz de descobrir novos caminhos para fugir da dependência.

A sociedade atual, conforme está organizada, com fartura por todos os lados (desde a informação aos alimentos industrializados), gera sofrimento emocional aos indivíduos que a compõem. Não evoluímos para viver em um ambiente de fartura. Nossa evolução biológica, durante milhões de anos, se deu em um ambiente de escassez. Aparelhos eletrônicos, principalmente os smartphones, oferecem dopamina (recompensas para o cérebro) 24 horas por dia, causando desequilíbrio na balança.

Os smartphones foram uma invenção tão poderosa que podemos considerá-los como um órgão exterior ao corpo humano, pois é um dos raros artefatos tecnológicos criados pelo ser humano que é carregado para todos os lados junto ao corpo, onde quer que vamos (até mesmo ao banheiro!). Com um smartphone em mãos temos infinitas opções e somos expostos a comportamentos adictivos o tempo todo.

O consumo (do que quer que seja) tornou-se a razão de ser de grande parte dos indivíduos na sociedade atual. O acesso fácil é um grande causador do do comportamento adictivo. A internet, onde se encontra praticamente tudo que se deseja, estimula o consumo compulsivo desenfreado. A rede oferece acesso ilimitado ao conhecido e faz sugestões do que ainda desconhecemos. Até o altruísmo virou uma espécie de bem de consumo, pois criou-se o hábito de mostrar aos demais que praticamos a boa ação. Como se uma foto ou um texto postado em rede social, fazendo o bem a outrem, fosse apenas mais uma forma de demonstrarmos nossa felicidade.

As redes sociais são tão perversas que foi demonstrado em estudos que a incerteza do like chega a ser tão recompensadora ao cérebro (liberando a dopamina) quanto o próprio like. Outro problema gerado pelas mídias sociais é o fato de que agora não nos comparamos apenas com nossos vizinhos, amigos e parentes, mas com o mundo todo. Este tipo de comparação, muitas vezes ocorrendo de forma inconsciente dentro do cérebro, sempre nos deixa aquém em algum aspecto de nossas vidas, alguém sempre será melhor do que nós em algo.

Assim foi criada a economia da dopamina: grande parte do mercado atualmente é voltado à liberação de dopamina e causar dependência dos produtos. Algumas das maiores empresas do mundo hoje são especialistas justamente nessa função. 

Embora a autora cite vários problemas gerados pelo vício e como a dopamina age no sistema de recompensas do cérebro, ela também sugere alguns passos a serem seguidos para que a homeostase basal do cérebro seja restabelecida, começando pelo jejum do vício. Segundo a autora, em média são necessárias quatro semanas para começar a superação de um vício e não se deve trocar uma dependência por outra, pois isso não resolve o problema.

Ela usa a sigla DOPAMINE  (a palavra dopamina em inglês) com passos a serem seguidos para lidar com o vício:

ata (dados): descobrir como e quando se dá o uso do que leva ao vício;

bjectives (objetivos): descobrir o porquê de usar aquilo que vicia;

roblems (problemas): relatar os problemas gerados pelo comportamento adictivo;

bstinence (abstinência): abstinência do vício para restaurar a homeostase basal do cérebro;

indfulness: observar as reações no cérebro, e no corpo, ao se afastar do vício;

nsight: compreender o comportamento e o que se pode fazer para se afastar do vício;

ew steps (novos passos): determinar novos caminhos para mudança do comportamento

xperience (experiência): ir experimentando o que é melhor para aprimorar os resultados ao afastar-se do vício.

O livro ainda traz a experiência clínica da autora, com comportamentos que ela sugere aos seus pacientes para afastar, ou ao menos minimizar, o vício. Importante ressaltar o alerta por ela feito: “na agonia do desejo, não há escolha”. Por isso é preciso criar barreiras entre nós e o vício. Para isso é preciso comprometer-se da seguinte forma:

  • Autocomprometimento físico: afastar fisicamente o vício, criar barreiras físicas entre a pessoa e o comportamento adictivo;
  • Autocomprometimento cronológico: limitar o tempo e estabelecer metas, restringir o tempo de uso daquilo que vicia;
  • Autocomprometimento categórico: categorizar os consumos da dopamina entre aqueles que podem ser consumidos e aqueles que não podem.

Outra parte importante do livro é aquela que fala sobre como preparar nossos filhos para viver nessa sociedade da economia da dopamina. Demonstrar aos filhos nossa fragilidade, nossos erros e defeitos, permite com que eles se aceitem melhor como são, em vez de buscarem a perfeição, comparando-se aos outros. Devemos sempre buscar a honestidade mútua, pois isso exclui a vergonha e aumenta a intimidade com nossos filhos, e o mais importante, a honestidade libera tanta dopamina quanto os comportamentos adictivos.

Restabelecer a homeostase basal do cérebro é importante pois assim somos capazes de sentirmos prazer ao fazermos coisas simples, tais como sentar para brincar com os filhos ou simplesmente tomar um cafezinho com as pessoas que amamos.

Satisficer x Maximizer

 Você se considera um(a) Satisficer (contenta-se com o que é bom o suficiente) ou um Maximizer (contenta-se apenas com o melhor)?

Satisfacers tem uma tendência a se contentar mais com a própria vida. Conseguem olhar para si e enxergar o que já fizeram, o que fazem, e isso é o suficiente. O que não quer dizer que não pensem em melhorar, apenas que conseguem se sentir satisfeito com o que já conseguiram.

Maximizers dificilmente se sentem satisfeitos com o que já fizeram. Por este motivo tem uma tendência maior ao arrependendimento; menor satisfação com a vida; e índices maiores de ansiedade e depressão. Você precisa do máximo para se satisfazer? Qual seria o máximo? É possível atingí-lo? Você procurará a vida toda atingir o máximo, e quando chegar ao final, qual será a sua missão?

Você sabe o que é bom suficiente pra si? Conhece-te a ti mesmo? Ou você é somente mais um cidadão industrial: produzido em larga escala, pela publicidade, com os mesmos condicionamentos da maioria? A publicidade é uma praga que trabalha com seu inconsciente. Quando você passa em frente a uma loja e pensa que deseja um determinado item, provavelmente aquilo foi colocado no seu inconsciente por alguma peça publicitária. Consumo, logo existo. Te vendem essa ideia desde que você nasce.

O excesso de opções/distrações também aumentam nossa ansiedade. Qual foi a última vez que comprou algo sem perder horas pesquisando pelo melhor preço, pelo que te atenderia mais completamente? Reduza suas opções/distrações.

Todo mundo precisa de um aquário metafórico. Saber quais os limites pode alcançar. Pensar que se pode fazer/ter tudo que deseja, é um sentimento tão infantil quanto inatingível.

Quer vier plenamente satisfeito? Viva o mais próximo que conseguir como vivia um Neandertal. Uma vez satisfeita suas necessidades básicas de viver, pense, repense sobre o que é realmente necessário para a vida. Retire todos os excessos, principalmente aqueles que roubam sua energia e atenção.

Minha mente me leva além dos 40% quando meu corpo é exigido

 Ir além dos 40% quando o corpo é exigido é uma ideia atribuída a David Goggins, um ex-militar da Marinha dos Estados Unidos, ultramaratonista e palestrante motivacional. Esse aforismo reflete a mentalidade de Goggins em relação a superar seus limites físicos e mentais.

Goggins acredita que a maioria das pessoas tende a desistir ou se contentar quando atinge aproximadamente 40% de seu verdadeiro potencial. Ele argumenta que, ao empurrar-se além dessa porcentagem, é possível descobrir forças e capacidades anteriormente desconhecidas.

Essa frase encapsula a ideia de que o corpo humano é capaz de realizar muito mais do que a mente inicialmente acredita ser possível. Goggins é conhecido por seus feitos extraordinários, como completar inúmeras ultramaratonas e desafios extremos, demonstrando sua filosofia de superação e resiliência.

Em essência, essa ideia sugere que, quando confrontados com desafios ou situações difíceis, devemos buscar força interior e não desistir prematuramente. É um lembrete para explorar e estender nossos limites, pois muitas vezes subestimamos nossa verdadeira capacidade de crescimento e conquista.

“A partir do momento em que os nossos atos têm uma testemunha, quer queiramos quer não, adaptamo-nos aos olhos que nos observam”, do livro A insustentável leveza do ser

 A natureza humana é intrinsecamente social, e nossa existência é moldada pela interação com os outros. Somos seres que vivem em sociedade, e essa convivência implica em uma constante troca de olhares, julgamentos e influências. A frase “A partir do momento em que os nossos atos têm uma testemunha, quer queiramos quer não, adaptamo-nos aos olhos que nos observam” revela uma profunda verdade sobre a dinâmica social e a maneira como nos relacionamos com os outros.

Quando nossas ações são observadas, um mecanismo interno é acionado, levando-nos a considerar a percepção que os outros têm de nós. Mesmo que desejemos agir com autenticidade e de acordo com nossos próprios princípios, a presença de uma testemunha nos faz questionar se estamos correspondendo às expectativas externas. Essa consciência social nos impulsiona a adaptar nosso comportamento para nos enquadrarmos nos padrões estabelecidos ou para evitar possíveis julgamentos ou rejeição.

Essa adaptação não deve ser vista como uma mera subserviência ou renúncia à individualidade, mas sim como uma manifestação da nossa necessidade de pertencimento e aceitação. Afinal, somos seres sociais que anseiam por conexão e reconhecimento. Dessa forma, ao nos adaptarmos aos olhos que nos observam, buscamos construir uma identidade socialmente aceitável e congruente com as normas do grupo em que estamos inseridos.

No entanto, essa necessidade de adaptação também pode trazer consigo uma certa ambiguidade. Ao nos moldarmos para corresponder às expectativas externas, corremos o risco de perder nossa essência e autenticidade. Podemos nos distanciar de nossos valores e aspirações pessoais, sacrificando nossa individualidade em prol da conformidade social.

A busca por um equilíbrio saudável nesse processo é um desafio constante. É fundamental desenvolver a consciência de quem somos e o que realmente valorizamos, a fim de encontrar uma harmonia entre a nossa autenticidade e a necessidade de nos adaptarmos aos olhos que nos observam. A autenticidade genuína não implica em negligenciar a influência social, mas em ser fiel a si mesmo enquanto reconhece e considera as perspectivas e expectativas dos outros.

Portanto, ao refletirmos sobre a frase em questão, somos levados a ponderar sobre a complexidade das relações humanas e o impacto que as testemunhas têm em nossos atos. A consciência social nos convida a uma constante reflexão sobre a nossa identidade, nossos valores e a maneira como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Encontrar a nossa voz interior, enquanto nos adaptamos aos olhos que nos observam, é um desafio filosófico que nos leva a uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal.


Demonstre gratidão sempre que possível, principalmente a pessoas próximas

 Essa é uma afirmação poderosa sobre a importância de ser grato. A gratidão é uma emoção positiva que nos ajuda a apreciar as coisas boas em nossas vidas. Quando somos gratos, nos sentimos mais felizes, saudáveis e realizados. Também somos mais propensos a ajudar os outros e fazer a diferença no mundo.

É importante ser grato, especialmente com as pessoas próximas a nós. Nossas famílias e amigos são os que estão sempre lá para nós, nos bons e nos maus momentos. Eles merecem nosso amor, apoio e gratidão.

Existem muitas maneiras de expressar nossa gratidão. Podemos dizer “obrigado”, escrever uma carta ou e-mail, ou fazer algo especial para alguém. Mesmo um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença.

A próxima vez que você se sentir grato, lembre-se de expressá-lo para as pessoas que são importantes para você. Sua gratidão fará com que elas se sintam bem e fortalecerá seus relacionamentos.

Aqui estão algumas dicas para expressar sua gratidão:

  • Seja sincero. Quando você diz “obrigado”, diga-o de coração.
  • Seja específico. Explique por que você está grato.
  • Seja oportuno. Não espere até tarde para expressar sua gratidão.
  • Seja criativo. Existem muitas maneiras de expressar sua gratidão, então seja criativo e faça algo especial.

A gratidão é uma emoção poderosa que pode ter um impacto positivo em nossas vidas. Ao sermos gratos, podemos aumentar nossa felicidade, saúde e bem-estar. Também podemos fortalecer nossos relacionamentos e fazer a diferença no mundo.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Sobre o livro 20 regras de ouro para educar filhos e alunos, de Augusto Cury

Nesse livro, Augusto Cury traz uma série de considerações sobre a educação de filhos e alunos, baseados em anos de pesquisa e atendimentos psiquiátricos. Baseado em seus escritos, fiz minhas próprias observações sobre o que chamou mais a minha atenção na leitura do livro. Como a Sofia nascerá em breve, tento através de leituras como essa, buscar conhecimento que me possa ser útil na formação dela e das crianças com as quais convivo:
Precisamos ensinar nossas crianças que não é necessário ser o primeiro, não sempre estaremos no topo, devemos ser bons no que se fazemos, buscando sempre aprimorar nossas habilidades e competências.
O tempo é cruel, ele sempre passa, independente se você faz tratamentos para rejuvenescer, aplicações de Botox, quaisquer procedimentos estéticos para disfarçar o tempo. Você pode tentar fugir dele, lutar contra ele, mas o tempo sempre vencerá. Também não se pude mudar o passado, o máximo que se pode fazer, é “alterar” o futuro, baseado no que se faz no presente.
Por mais racional e lógico que você seja, ao lembrar algo, você está interpretando, da sua forma, algo que aconteceu. Não existem lembranças puras. Exigir que alunos sejam exatos em provas, é tentar robotizar a mente humana, algo impossível. Isso vai acabando com o processo de formação de pensamento crítico.
As crianças deveriam ser capazes de criar seu próprio Eu, de ser afirmarem como pessoas únicas que são. Não deveriam estar o tempo todo buscando a comparação com outras pessoas. “Arthur Schopenhauer afirmou com propriedade que entregar nossa felicidade em função da cabeça do outro é autodestrutivo”. Cada pessoa deve se reconhecer como ser humano, não como branco ou preto, rico ou pobre, homem ou mulher. Quando todos nos reconhecermos como humanos, teremos consciência de que todos fazemos parte de uma mesma família, com diferenças insignificantes.
Todos somos campeões, para nascermos vencemos a concorrência com milhões de espermatozoides, cada um com uma carga genética um pouquinho diferente.
Devemos ter em mente que os filhos não têm os mesmos direitos que os pais, e nem podem ter. Uma criança não deve dormir a hora que quer e, se os pais assim o permitirem, estarão educando seres humanos irresponsáveis com a própria saúde física e mental. A qualidade do sono é um dos fatores fundamentais para a formação do intelecto humano.
Habilidades como a gratidão, resiliência, paciência e gentileza não vêm impressas em nosso DNA, elas são ensinadas, principalmente pelos pais. Não ensinar aos filhos deveres básicos e não dar-lhes responsabilidades gera jovens autoritários, consumistas e ingratos. No entanto, amar os filhos não quer dizer se anular por eles, todos temos projetos pessoais, e um dia os filhos criam asas.
Dependemos de outras pessoas sempre, só após aprendermos isso que nossa espécie prevaleceu em nosso planeta. “Ser concebido dependeu dos pais, nascer dependeu dos médicos, andar dependeu dos adultos, aprender dependeu dos professores, comer dependeu do agricultor que cultivou os alimentos e de quem os preparou, até ao morrer dependerá de alguém para os enterrar. Somos sempre dependentes das pessoas, por isso, a gratidão é vital para a saúde emocional e a cooperação é fundamental para a saúde social”.
As maiores conquistas da vida chegam lentamente, em processos divididos em etapas a serem cumpridas, implicam perdas durante a caminhada. Lidar com isso gera amadurecimento emocional. Cumprir desejos de crianças de forma imediata, como se fossem sempre urgentes, deixa-os despreparados para a vida, carregados de ansiedade. Saber esperar é fundamental.
O autor define “6 estratégias para pacificar a mente das crianças nos focos de tensão:
1) Não tenha medo das birras, a tempestade vai passar;
2) Primeiro pacifique a sua ansiedade, depois, a delas, não se desespere;
3) Não grite e nem queira dominá-las a força;
4) Fale mansamente quando elas estão gritando ou estão tensas, diminua o tom de voz, deixe-as constrangidas com sua inteligência e brandura;
5) Reforce que só irá conversar quando elas se acalmarem;
6) Saiba que seu objetivo não é adestrar a mente dos seus filhos e alunos, mas ensiná-los a pensar, é formar um ser humano inteligente, um ator social produtivo e sábio, e não um servo”.
Os presentes são mais fáceis de dar do que o coração, a história, as lágrimas, o diálogo profundo. No silêncio dos túmulos, estão enterradas as palavras e os sentimentos que os pais, professores, filhos, amantes sempre tiveram vontade de expressar, mas não o fizeram. Os pais deveriam se preocupar mais em transferir o capital das experiências aos seus filhos, dar aquilo que o dinheiro não compra. Deveríamos pensar antes em formar sucessores, e não somente herdeiros.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Sobre o livro Eichmman em Jerusalém - Hannah Arendt

O julgamento do nazista Eichmman, responsável pelas deportações de judeus da Alemanha após Hitler assumir o comando do país, é retratado neste livro de Hannah Arendt. A autora traz alguns detalhes sobre o julgamento realizado em Israel, por uma corte israelense, depois que Eichmman foi capturado em Buenos Aires.
Dentre os pontos destacados da narrativa, a autora cita o fato de Eichmman ser, até onde se pode considerar isso, um cidadão comum, sem grande intelecto, e que seria um exemplo para seu círculo familiar e de amizade, fato atestado por amigos, familiares e até religiosos. Ele era considerado um "ciclista", alguém que baixa a cabeça para os superiores e chuta os subordinados. O julgamento causou um certo constrangimento em muitos que imaginavam Eichmman como um monstro, quando perceberam que ele poderia ser considerado um cidadão comum.
Buscando realizar aquilo que lhe era ordenado, e com o objetivo de subir na hierarquia burocrática alemã, Eichmman e outros chegaram a tal ponto de submissão às ordens superiores, que simplesmente as acatavam sem nenhum tipo de contestação. Isso nos leva a refletir como a simples submissão a ordens superiores pode gerar um efeito bola de neve e resultar em catástrofes.
O nazismo até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, não governava a Alemanha de modo autoritário. Os alemães admiravam seu chanceler, que em poucos anos saiu de cabo do exército até virar Führer de 80 milhões de pessoas. Como não seguir alguém que alcança tal feito? Talvez isso explique, em parte, como mesmo após tantas derrotas durante a guerra, o povo alemão continuava acreditando em seu Führer. Aqueles que foram contrários ao atos nazistas não tinham força suficiente para lutar contra o regime.
Após a eclosão da Segunda Guerra, os nazistas adotaram 3 etapas para se "livrar" dos judeus (tornar a Alemanha judenrein):
1) Migração forçada;
2) Concentração;
3) Solução final.
Dos países que foram ocupados pela Alemanha e que apoiavam o regime nazista, apenas a Dinamarca resistiu ao judenrein alemão. Isso mostra como era difícil ir contra a imposição do totalitarismo alemão. Essa posição dinamarquesa acabou abrindo os olhos de muitos nazistas, que até então não tinham total consciência do que estavam colocando em prática, já que vários países os apoiavam. Como as ordens de Hitler eram mais faladas do que escritas, a acusação teve problemas em encontrar provas concretas (documentos) que incriminassem Eichmman.
A autora cita o fato de surgirem questionamentos quanto à submissão dos judeus ao judenrei alemão, e alega que a submissão judaica chegara a tal ponto, pois os judeus preferiam a morte imediata nas câmaras de gás, ou por fuzilamento, a tentarem uma revolta e morrerem aos poucos todos os dias (sendo torturados), durante meses a fio.
O mal perdera a qualidade pela qual a maior parte das pessoas o reconhecem, a qualidade da tentação. Os nazistas que impuseram a Solução Final aprenderam a resistir à tentação de não fazer o mal, banalizando-o. Ou seja, fazer o mal era algo comum, e muitas vezes, nem sequer percebiam que estavam fazendo o mal. A autora questiona a moral desses atos, afirmando que embora alguns atos morais por parte de pessoas ligadas ao nazismo (como não acatar ordens superiores), não poderiam ter modificado o resultado final. Mas apesar disso, tais atos são necessários, pois eles ficarão para a posteridade, servindo sobretudo como exemplo a ser seguido.
Embora Eichmman tenha sido o responsável pelo setor de deportação alemão, a autora cita que a lei sempre deve julgar o crime, e não a pessoa. A vítima é a quebra do contrato social, aquele que mantem a ordem na sociedade, e não a pessoa que cometeu o crime.