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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

O que eu quero da vida sou eu mesmo quem quer?

No labirinto intrincado que traçamos com nossos pensamentos e anseios, emerge uma questão essencial que reverbera dentro de cada um de nós: até que ponto as aspirações que nutrimos na vida são, de fato, uma expressão genuína do nosso ser interior, e até que ponto são uma construção habilmente moldada pelas marés do mundo ao nosso redor?

Nesse núcleo de reflexão, um questionamento persistente toma forma: "Será que aquilo que almejo é um anseio verdadeiramente meu?". Uma interrogação que penetra nos cantos mais recônditos da nossa identidade, abrindo um diálogo íntimo com a natureza das nossas ambições. Desde o primeiro instante de nossa existência, navegamos por um oceano de influências que, muitas vezes, atuam como fios invisíveis, tecendo a tapeçaria das escolhas que fazemos e dos sonhos que acolhemos.

A dança entre a autenticidade que brota de dentro e as pressões externas que nos cercam é um equilíbrio tênue e fascinante. Enquanto alguns dos nossos desejos emergem de uma fonte inegavelmente pessoal, cultivados através da nossa unicidade e experiências, outros são insidiosamente infundidos em nós, à revelia da nossa consciência. A própria educação, por exemplo, pode nos apontar em direção a certos trajetos, guiados por crenças alheias sobre o que é melhor para nós. E o marketing, mestre em criar desejos e ânsias, frequentemente nos guia a buscar realizações e objetos que, no cerne, podem não ser os pilares reais da nossa felicidade.

As sementes dessas aspirações enxertadas muitas vezes encontram terreno fértil para crescer, nutridas por uma sociedade que reverencia certos estilos de vida, triunfos e princípios. Porém, a busca pela autenticidade nos impulsiona a mergulhar nas profundezas do nosso ser, questionando se seguimos nossos próprios sonhos ou se apenas cumprimos desígnios impostos de fora.

No entanto, mesmo em meio a essa tensão dialética, há espaço para um meio-termo. Nossas vivências são oleadas que moldam a engrenagem do nosso eu, e as influências externas podem pintar cores ricas na nossa tela interior. O desafio está em discernir, com clareza e consciência afiada, o que genuinamente expressa a nossa essência e o que é uma simples imitação dos dogmas que nos são insuflados.

A busca pela autenticidade é uma viagem que demanda introspecção e ousadia. Implica em questionar, avaliar e redescobrir. Convida a observar os anseios que nos movem, discernindo se eles brotam do nosso âmago ou se são plantados por mãos alheias.

Portanto, a pergunta "Será que o que desejo da vida é realmente uma escolha minha?" encontra resposta na exploração das nossas profundezas, na compreensão das nossas motivações mais íntimas e na coragem de desafiar as expectativas que vêm de fora. A busca pela essência autêntica se transforma em um ato de poder que nos permite reivindicar nossos desejos legítimos em meio à correnteza incessante das influências do mundo.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

As valiosas lições que me vieram à memória durante uma caminhada do serviço à minha casa…

 Um dia, eu que tenho o hábito de ir de bicicleta ao trabalho, fui de carona com minha esposa logo cedo, então teria de voltar de ônibus após o expediente. Porém, de repente me bateu uma vontade de me movimentar. Decidi ir caminhando até em casa, um trajeto de quase 8km, passando em grande parte por um caminho que meu pai fizera por algum tempo quando jovem, para ir da casa dele até a escola. Durante a caminhada me veio à memória alguns valioso ensinamentos, que me foram passados através do seu exemplo.

Mesmo sob circunstâncias contrárias, ter de caminhar esse percurso, seja na poeira, na chuva ou no sol, subindo e descendo os mares de morros mineiros, a determinação de estudar, depois de ter escolhido ainda menino, esse caminho, transformou o menino Décio no primeiro de sua geração, criado na comunidade do Fundão, a se tornar um legítimo Doutor. Escolher o caminho e seguir adiante, independente das condições desfavoráveis, certamente é um dos maiores aprendizados que se pode ter na vida. Isso me mostra que todos os sonhos são trilhas possíveis de se percorrer, e não há distância longa ou difícil o bastante para te fazer desistir deles.
As suas caminhadas facilitaram, e muito, a minha caminhada e as dos meus irmãos. As trilhas que você abriu certamente nos tornou privilegiados para trilharmos nossos próprios caminhos. Aprender a agradecer tudo que temos, e principalmente por quem somos, foi outro aprendizado. Agradeço por toda dificuldade superada, por você ter dado o melhor de si para que pudéssemos ser o melhor de nós. Reconheço toda tua trajetória percorrida e sei o valor que tu dás a quem sempre lhe ajudou. Aprendi o valor de poder retribuir a essas pessoas. Tudo pelo que passou está arraigado na sua história, e isso ninguém pode lhe tirar. Tudo que me ensinou certamente será repassado aos meu sucessores, e serei eternamente grato a ti pelas trilhas que abriu para todos nós.
Você provavelmente não deixará herança patrimonial aos seus filhos. Porém, você formou sucessores. Pra mim isso é infinitamente mais valioso do que qualquer bem material. Os valores intrínsecos que recebi, como investir em conhecimento, determinação, honestidade, amor à sabedoria, respeito às diferenças, sensatez, dentre tantos outros, são muito valiosos e certamente serão repassados à minha filha. O que você tem nos deixado como legado permanecerá por mais gerações depois de ti. Esse legado é tão forte que se torna indestrutível e não há nada no mundo que seja capaz de destruí-lo.
Não se pode resumir 33 anos de lições aprendidas em apenas um texto. Mas essa é uma bela amostra do aprendizado que tenho tido com o meu maior mestre…

“A partir do momento em que os nossos atos têm uma testemunha, quer queiramos quer não, adaptamo-nos aos olhos que nos observam”, do livro A insustentável leveza do ser

 A natureza humana é intrinsecamente social, e nossa existência é moldada pela interação com os outros. Somos seres que vivem em sociedade, e essa convivência implica em uma constante troca de olhares, julgamentos e influências. A frase “A partir do momento em que os nossos atos têm uma testemunha, quer queiramos quer não, adaptamo-nos aos olhos que nos observam” revela uma profunda verdade sobre a dinâmica social e a maneira como nos relacionamos com os outros.

Quando nossas ações são observadas, um mecanismo interno é acionado, levando-nos a considerar a percepção que os outros têm de nós. Mesmo que desejemos agir com autenticidade e de acordo com nossos próprios princípios, a presença de uma testemunha nos faz questionar se estamos correspondendo às expectativas externas. Essa consciência social nos impulsiona a adaptar nosso comportamento para nos enquadrarmos nos padrões estabelecidos ou para evitar possíveis julgamentos ou rejeição.

Essa adaptação não deve ser vista como uma mera subserviência ou renúncia à individualidade, mas sim como uma manifestação da nossa necessidade de pertencimento e aceitação. Afinal, somos seres sociais que anseiam por conexão e reconhecimento. Dessa forma, ao nos adaptarmos aos olhos que nos observam, buscamos construir uma identidade socialmente aceitável e congruente com as normas do grupo em que estamos inseridos.

No entanto, essa necessidade de adaptação também pode trazer consigo uma certa ambiguidade. Ao nos moldarmos para corresponder às expectativas externas, corremos o risco de perder nossa essência e autenticidade. Podemos nos distanciar de nossos valores e aspirações pessoais, sacrificando nossa individualidade em prol da conformidade social.

A busca por um equilíbrio saudável nesse processo é um desafio constante. É fundamental desenvolver a consciência de quem somos e o que realmente valorizamos, a fim de encontrar uma harmonia entre a nossa autenticidade e a necessidade de nos adaptarmos aos olhos que nos observam. A autenticidade genuína não implica em negligenciar a influência social, mas em ser fiel a si mesmo enquanto reconhece e considera as perspectivas e expectativas dos outros.

Portanto, ao refletirmos sobre a frase em questão, somos levados a ponderar sobre a complexidade das relações humanas e o impacto que as testemunhas têm em nossos atos. A consciência social nos convida a uma constante reflexão sobre a nossa identidade, nossos valores e a maneira como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Encontrar a nossa voz interior, enquanto nos adaptamos aos olhos que nos observam, é um desafio filosófico que nos leva a uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal.