Mostrando postagens com marcador Equilíbrio emocional. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Equilíbrio emocional. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Dominando a arte de ficar entediado: seja o mestre da sua própria tranquilidade...

No furacão vertiginoso da vida moderna, a capacidade de abraçar o tédio pode soar como uma reviravolta inesperada. Com a constante enxurrada de estímulos, e nossos smartphones incansavelmente à postos para nos entreter a cada pausa, a ideia de se render ao vazio pode parecer desafiadora. Entretanto, mergulhar na arte de simplesmente "ser" pode se revelar um poderoso aliado, mesmo que isso signifique encarar o tão evitado tédio.

Na eterna batalha contra o relógio, raramente concedemos a nós mesmos um momento de respiro. Das filas do supermercado às brechas no expediente, preenchemos cada intervalo com atividades frenéticas, imersões em mídias e um fluxo constante de informações. Os smartphones se transformaram em sombras inseparáveis, fontes ininterruptas de distração. Porém, essa constante busca por excitação traz consigo mais malefícios do que benefícios.

Visualize nossa mente como um músculo vigoroso, que carece de pausa para se revigorar e fortalecer. Ao privarmo-nos do tempo necessário para o tédio, sobrecarregamos nosso cérebro com um aguaceiro de dados, dificultando sua capacidade de processamento e assimilação. Esse estado de "repouso ativo" resulta em uma mente sempre em alerta, mesmo quando não estamos ativamente envolvidos em tarefas.

Esse ciclo vicioso, no qual a estimulação incessante anula o verdadeiro repouso, pode gerar consequências deletérias para nossa saúde mental. O estresse acumula-se sub-repticiamente, escondendo-se sob a fachada de produtividade e atividade constante. Sem oportunidade de recarga e relaxamento, nossas emoções ficam em segundo plano, e o estresse perpetua-se até atingir um ponto de saturação.

A crise emocional é inevitável nesse contexto. Num dado dia, percebemos que estamos exaustos, ansiosos e emocionalmente assoberbados. O cérebro, exausto de processar uma torrente ininterrupta de informações, finalmente atinge seu limite. Nosso corpo reage, frequentemente de maneira incontrolável, uma tentativa de liberar o estresse acumulado. A explosão pode manifestar-se como uma erupção de raiva, um poço profundo de tristeza ou até manifestações físicas.

Entretanto, a maestria em abraçar o tédio de maneira salutar é a chave para evitar essa catástrofe emocional. Outorgar a nós mesmos momentos de tranquilidade, onde nos desvencilhamos dos eletrônicos e das tarefas frenéticas, é imperativo para nossa saúde mental. No estado de tédio, a mente pode processar pensamentos, relaxar e se regenerar.

É verdade, inicialmente pode ser um desafio, especialmente numa cultura que constantemente exalta a ação. Entretanto, considere isso como um investimento crucial em seu bem-estar emocional e mental. Na próxima vez em que a tentação de pegar o celular em um momento de inatividade bater à sua porta, cogite apenas "ser". Permita-se divagar, observe seus pensamentos e desconecte-se do digital por um tempo.

Ao fim, dominar o tédio torna-se uma manifestação de autoamor. É o meio de garantir que nossa mente tenha a ocasião de encontrar equanimidade em meio a um mundo impregnado de estímulos. Ao abraçar essa prática, você está pavimentando uma trilha rumo a uma vida mais saudável, consciente e resiliente. Portanto, permita-se mergulhar no tédio e descobrir o poder extraordinário que ele pode oferecer.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Reflexões sobre o livro “Meditações”, de Marco Aurélio…

 É importante, ao ler este livro, ter em mente que o autor era o homem mais poderoso do mundo quando escreveu estas frases. As escreveu em acampamentos enquanto liderava o exército romano durante batalhas. Em uma época na qual liderar um exército significava marchar junto com ele e ir ao campo de batalha. As palavras eram escritas para autoreflexão, Marco Aurélio não escreveu as notas pensando em publicação.

Escolha lutar somente aquelas que valem a pena. Você não tem energia nem tempo suficiente para lutar todas as batalhas. Simplifique. Saiba que independente de como esteja agora, isso vai passar, você vai mudar, as circustâncias mudarão. Seja virtuoso enquanto vive, afinal, ninguém viverá mais que cento e poucos anos. O fim chegará a todos, sem distinção alguma. Faça poucas coisas, mas as faça bem.

O filósofo busca a sabedoria constantemente, pois tem a noção de não possuí-la, em toda forma de conhecimento e em todos os lugares. Estude Filosofia de forma prática, dinâmica e atrativa, aprendendo com os grandes mestres da sabedoria a encontrar respostas para entender melhor a si mesmo e ao mundo. Pessoas passaram toda sua vida sintetizando seus pensamentos, aproveite. Eis uma mágica dos livros: você pode “entrar” na mente de outra pessoa, tentar ver o mundo com os olhos dela.

Você conviverá com pessoas boas e pessoas ruins, e tudo bem, você não sabe porque elas agem da forma como agem. Não consuma parte da vida que te resta fazendo conjecturas sobre outras pessoas. Não se importe com a opinião alheia, eles geralmente não conhecem teus caminhos e tuas batalhas. É uma grande perda de tempo e de energia estar sempre ocupado com as ações alheias. O elogio é sempre bem vindo e nos faz bem, mas não viva apegado somente a elogios.

“Nunca estimes como útil para ti o que um dia te forçará a transgredir tua fé, a renunciar ao pudor, a odiar alguém, a mostrar-te receoso, a maldizer, a fingir, a desejar algo que precisa de paredes e cortinas. Aja de forma honesta e verdadeira sempre. Você pode evitar suas próprias ações, mas não pode evitar a ação alheia.

Se acordares de má vontade e de forma preguiçosa, lembre-se: “desperto para cumprir uma tarefa própria de homem”, homem aqui no sentido de humano, não do gênero masculino. Nasceste para viver reclinado entre cobertores?

A mudança é temida? E que pode acontecer sem mudança? Existe algo mais querido e familiar à natureza do conjunto universal? Poderias tu mesmo lavar-te com água quente, se a lenha não se transformasse? Poderias alimentar-te se os alimentos não se transformassem? E outra coisa qualquer entre as úteis, poderia cumprir-se sem transformação? Não percebes, pois, que tua própria transformação é algo similar e igualmente necessária à natureza do conjunto universal? Aceite a mudança, ela é a única coisa constante na vida.

“Se te afliges por alguma causa externa, não é ela o que te importuna, mas o juízo que fazes dela. E depende de ti apagar esse juízo. Mas se te aflige algo que se encontra em tua disposição, quem te impede de retificar teu critério? E de igual modo, se te aflige por não executar essa ação que te parece sã, por que não a colocas em prática em vez de afligir-te”?

O livro tem muito a oferecer. Principalmente a quem tem simpatia pela filosofia estóica. Aqui está apenas um brevíssimo resumo das ideias que me são importantes neste livro…