quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Nos adaptamos ao que adquirimos...

Um pedaço de papel, uma caneta na mão, e alguns minutinhos de reflexão...



Tudo que adquirimos, rapidamente passa a fazer parte de nosso pano de fundo material, em nossa vida.


Tudo que adquirimos, rapidamente passa a fazer parte de nosso pano de fundo material, em nossa vida.

Nosso inconsciente é manipulado de tal forma que somos impelidos a desejar sempre mais: o próximo carro, uma casa maior, o celular mais novo. O grande problema é que essas coisas trazem apenas alegria temporária.

Rapidamente os bens materiais passam apenas a fazer parte do pano de fundo material de nosso cotidiano, aquilo que vivenciamentos diariamente em modo automático. Nos adaptamos de tal forma ao pano de fundo material cotidiano que aquele bem, outrora muito desejado e que fora uma novidade, agora é só mais uma peça desse pano de fundo.

Muitas vezes sequer nos lembramos da alegria que aquilo já nos proporcionou. Assim vai passando a vida atualmente, com a gente sempre correndo atrás da próxima novidade. 
É mais viávei e satisfatório no longo prazo aprender a dar valor ao que já se tem, quando se tem. Isso não quer dizer que não se pode desejar o próximo bem, apenas que devemos dar valor ao que realmente importa.

Uma vida frugal pode ser mais satisfatória do que uma vida luxuosa. Afinal, a frugalidade tem um poder muito maior de atrair afetas sinceros do que o luxo. O frugal atrai sinceridade, o luxo atrai interesses espúrios.

E no final da jornada, os afetos que levamos é o que realmente importa...



terça-feira, 27 de agosto de 2024

POR QUE ALGUMAS PESSOAS APENAS FAZEM PARTE DO CENÁRIO?

 POR QUE ALGUMAS PESSOAS APENAS FAZEM PARTE DO CENÁRIO?

Um pedaço de papel, uma caneta na mão, e alguns minutinhos de reflexão...

A sociedade moldou de tal forma nossa existência atual que há milhões de pessoas que parecem apenas "fazer parte do cenário". Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que elas estão ali apenas para completar o cenário da sociedade moderna. Moradores de rua, porteiros, garis, garçons, etc. Apesar de terem suas próprias histórias, sentimentos, vivências, muitas vezes sequer são notados. E isso nunca foi natural. Esse "cenário" foi construído, ao longo dos últimos séculos, para ser assim. Os donos do poder o moldaram para assim ser. Os donos do poder usam todas as ferramentas disponíveis para nos convencer dessa naturalidade. Os donos do poder são bastante reacionários quando esse status quo é contestado, ameaçado, colocado em xeque. Aí usam, criam e aprimoram as ferramentas de controle, "modificando" tudo que está aí, para que tudo permaneça como está, nas mãos dos donos do poder...

terça-feira, 23 de abril de 2024

O que aprendi com o livro "Por que nós dormimos: a nova ciência do sono e do sonho" de Matthew Walker

"Dormir é a ação isolada mais eficaz que se pode fazer para restaurar o cérebro e o corpo todos os dias — até agora ele é o melhor esforço da Mãe Natureza para combater a morte." Essa frase impactante, extraída do livro "Por que nós dormimos: a nova ciência do sono e do sonho", de Matthew Walker, ressoa profundamente quando consideramos a importância do sono em nossas vidas.

Os ambientes modernos em que vivemos estão longe de serem os mesmos em que nossos ancestrais se deitavam para descansar. Nossos ritmos de vida agitados, a exposição constante à luz artificial e outros hábitos contemporâneos afetam diretamente nossa capacidade de dormir adequadamente.

Um dos pilares fundamentais para compreender a importância do sono é o ritmo circadiano, um relógio biológico interno que regula nossos padrões de vigília e sono ao longo de aproximadamente 24 horas. Este ciclo natural é influenciado pela exposição à luz, sendo que a luz artificial pode desregular esse ciclo e afetar negativamente nossa qualidade de sono.

Além disso, o sono desempenha um papel crucial na aprendizagem e na consolidação da memória. É durante o sono que nosso cérebro processa e organiza as informações adquiridas ao longo do dia, transformando o conhecimento em sabedoria.

Não podemos ignorar os impactos do sono na nossa saúde física e mental. Uma noite mal dormida afeta diretamente o funcionamento do córtex pré-frontal, responsável pelo pensamento de alto nível e pelo controle emocional. Além disso, o sono adequado está intimamente ligado ao desempenho físico, influenciando até mesmo a nossa capacidade de realizar exercícios.

Identificar sinais de sono insuficiente é crucial para garantir nossa saúde e bem-estar. Distrações frequentes, dificuldade em se concentrar e até mesmo esquecimentos podem ser indicativos de que não estamos dormindo o suficiente. É importante estabelecer práticas saudáveis de sono, como manter horários regulares de dormir e acordar, evitar a exposição à luz antes de dormir e criar um ambiente propício para o descanso.

Em suma, o sono não é um luxo, mas uma necessidade vital. Precisamos respeitar nossos ritmos biológicos e priorizar a qualidade do nosso sono para garantir uma vida plena e saudável. Então, que possamos dormir o suficiente, no mínimo 7 horas todas as noites, sem exceção, de preferência 8 horas, mas não muito mais do que 9 horas, se você tem uma biologia próxima à população geral. Afinal, se o sono persistiu ao longo de toda evolução, é porque a natureza nos presenteou com esse precioso recurso para nosso próprio bem.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

O encontro entre a Verdade e a Mentira...

Um dia a Verdade e a Mentira se encontram. A Mentira diz à Verdade:

“Hoje está um dia maravilhoso! ”

A Verdade olha para o céu, desconfiada e suspira, pois o dia estava realmente lindo. Elas passam algum tempo juntas, chegando finalmente a um poço. E a Mentira diz:

“A água está muito boa, vamos tomar um banho juntas! ”

A Verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e descobre que realmente está muito gostosa. Elas se despem e começam a tomar banho.

De repente, a Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge. A Verdade, furiosa, sai do poço e corre para encontrar a Mentira e pegar suas roupas de volta. O mundo, vendo a Verdade nua, desvia o olhar, com desprezo e raiva. A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre, escondendo nele sua vergonha.

Desde então, a Mentira viaja ao redor do mundo vestida como a Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade. Porque o mundo não nutre o menor desejo de encontrar a Verdade nua.


Parábola judaica

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

"O mundo é complexo demais para permitir que 100% das suas ações respondam por 100% dos seus resultados..." do livro A psicologia financeira, de Morgan Housel

No intricado tecido do universo, somos meros dançarinos em uma coreografia complexa, onde a causalidade se entrelaça de maneiras imprevisíveis. É tentador acreditar que nossas ações conscientes possuem o controle absoluto sobre os resultados que experimentamos, mas a realidade é que o mundo é complexo demais para permitir que 100% das nossas escolhas respondam por 100% dos nossos destinos.

A interseção entre sorte e risco emerge como a expressão concreta desse intricado balé cósmico. Por mais dedicados que sejamos aos nossos esforços individuais, somos inevitavelmente guiados por forças além do nosso controle. A sorte, como a face sorridente do destino, e o risco, como sua sombra inescapável, moldam os resultados da vida de maneiras que transcendem o mero esforço pessoal.

A crença na autonomia completa das nossas ações é desafiada pelo reconhecimento de que a vida é permeada por uma rede intricada de influências. O ocasional impacto de ações que estão além do nosso controle pode, surpreendentemente, ter consequências mais profundas do que as ações que executamos conscientemente. Assim, somos confrontados com a humilde constatação de que, em nosso percurso, somos marinheiros em mares desconhecidos, onde as correntes invisíveis da existência podem alterar nosso curso de maneiras que nem mesmo nossas melhores estratégias poderiam prever.

Na busca por compreender a dinâmica entre ações, resultados e forças invisíveis, somos compelidos a abandonar a ilusão de controle absoluto e abraçar a incerteza como parte intrínseca da jornada humana. A sabedoria está em dançar com graça na complexidade, reconhecendo que o verdadeiro significado da vida reside não apenas nas ações que realizamos, mas na nossa capacidade de aceitar e aprender com as danças imprevisíveis do destino.

Neste intricado espetáculo, somos desafiados a encontrar equilíbrio entre a busca diligente pelos nossos objetivos e a aceitação serena das forças que escapam ao nosso comando. Pois, em última análise, é na dança entre o que controlamos e o que escapa ao nosso domínio que encontramos a verdadeira essência da existência - uma jornada imprevisível e surpreendente, onde as pegadas que deixamos ecoam em um cosmos vasto e complexo.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

As Múltiplas Perspectivas da Existência

A complexidade da existência humana reside na singularidade de nossas visões sobre o mundo. Cada pessoa carrega consigo uma percepção única e particular, moldada por suas experiências e vivências. Somos observadores de realidades distintas, filtrando a complexidade do universo através de lentes individuais.

Ao contemplarmos a vida, é crucial lembrar que vemos o mundo com olhos diferentes. As cores, nuances e sombras que percebemos são resultado direto das experiências que acumulamos ao longo do tempo. Assim, nossas realidades são como pinturas abstratas, formadas por pinceladas únicas de eventos e emoções.

É interessante notar que, apesar de todos acreditarmos ter uma compreensão sólida de como o mundo funciona, nossas experiências são meramente uma fração do vasto espectro da existência. Cada um de nós é como um explorador que, ao adentrar o desconhecido, testemunha apenas uma pequena parcela do todo. A totalidade do mundo permanece além da fronteira de nossa compreensão.

As divergências de opinião surgem quando reconhecemos que experiências diferentes conduzem a visões distintas sobre determinados tópicos. Onde alguns veem preto, outros enxergam branco, e, muitas vezes, a verdade está entrelaçada em matizes de cinza. É crucial compreender que a subjetividade permeia nossas interpretações, e a busca pela verdade muitas vezes se assemelha a um quebra-cabeça complexo, cujas peças são moldadas por nossas vivências individuais.

A aparente loucura das decisões alheias desaparece quando reconhecemos que ninguém é verdadeiramente "maluco". Cada escolha é moldada por experiências pessoais singulares, pelas tramas intricadas da vida que fazem sentido em momentos específicos. O entendimento mútuo emerge quando nos permitimos reconhecer a validade das perspectivas alheias, compreendendo que as escolhas são reflexos das jornadas individuais de cada ser humano.

Assim, no tecido da existência, somos todos fios interligados, entrelaçando nossas visões, experiências e decisões. A verdadeira sabedoria reside na aceitação da diversidade de perspectivas, na apreciação das nuances que cada ser humano traz consigo. Em um mundo onde cada um é um narrador único de sua própria história, a compreensão mútua floresce quando abrimos nossos corações para as diferentes tonalidades que compõem a tapeçaria da vida.

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Amor a Deus e Ódio aos Seres Humanos?

A relação entre a devoção a Deus e o sentimento em relação aos seres humanos é um tópico filosófico fascinante e, muitas vezes, controverso. É surpreendente observar como, em algumas situações, indivíduos que afirmam amar profundamente a Deus também podem manifestar sentimentos de desagrado, julgamento ou mesmo hostilidade em relação aos seus semelhantes.

A devoção a Deus, seja qual for a religião ou fé em questão, é frequentemente caracterizada pela busca do bem, da verdade e da moral. Ela envolve o desejo de estar em harmonia com a vontade divina, buscar a elevação espiritual e viver de acordo com princípios éticos que promovam a compaixão, a bondade e a empatia. No entanto, esse ideal nem sempre se traduz em realidade.

Embora a devoção a Deus geralmente pregue o amor, a compaixão e a aceitação dos outros, é surpreendente notar como algumas pessoas que alegam amar a Deus podem demonstrar o oposto em relação aos seres humanos. Isso pode ser observado em atitudes como a intolerância religiosa, o preconceito, o julgamento e até a violência em nome da fé. Como reconciliar essa contradição?

Várias explicações podem ser oferecidas para essa aparente contradição. Em primeiro lugar, a natureza humana é complexa, e todos nós somos suscetíveis a falhas, incluindo aqueles que afirmam seguir uma fé religiosa. As emoções humanas, o condicionamento cultural e as experiências pessoais podem moldar a maneira como as pessoas interagem com os outros.

Além disso, a religião pode ser mal interpretada ou usada para justificar preconceitos e julgamentos. Aqueles que se sentem ameaçados por diferentes crenças podem se tornar defensivos ou hostis em relação aos que não compartilham sua fé.

Uma abordagem filosófica para resolver esse paradoxo é promover a compreensão e a empatia. A verdadeira devoção a Deus, segundo muitas tradições religiosas, deveria levar à compaixão e ao amor pelos outros seres humanos. Entender as motivações por trás das ações das pessoas, mesmo quando discordamos delas, pode ser um passo importante em direção à reconciliação desse conflito.

A aparente contradição entre o amor a Deus e a ojeriza aos seres humanos é um desafio filosófico complexo. No entanto, é importante lembrar que a devoção a Deus, quando entendida corretamente, deve inspirar a compaixão, a empatia e a aceitação dos outros. Ao reconhecer nossa natureza humana falível e buscar uma compreensão mais profunda, podemos trabalhar para superar essa contradição e viver de acordo com os ideais éticos e espirituais que muitas religiões pregam.